Israel cancela licenças e tem tropas de prontidão após promessa iraniana de retaliação

Teerã disse que revidaria militarmente após culpar o Estado judeu pelo bombardeio à embaixada iraniana em Damasco

Recentes decisões indicam que o governo de Israel está à espera de uma resposta militar do Irã, que responsabilizou o Estado judeu por um ataque à embaixada iraniana em Damasco, matando dois generais na segunda-feira (1º). Todas as licenças que haviam sido concedidas a militares nos próximos dias foram canceladas, e as tropas israelenses estão de prontidão.

Ao comentar a suspensão das folgas, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) tentaram não associar a decisão à ameaça iraniana. “As IDF estão em guerra, e a questão do envio de forças é constantemente revista conforme necessário”, disseram os militares no anúncio, segundo o jornal The Times of Israel.

Chefe do Estado-Maior e soldados do Corpo de Artilharia israelense, outubro de 2023 (Foto: WikiCommons)

A promessa de vingança do Irã veio após um ataque aéreo supostamente coordenado pelas IDF atingir a seção consular da embaixada iraniana na Síria. De acordo com a rede CNN, entre as vítimas estão Mohammed Reza Zahedi, alto comandante da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária Islâmica, e Mohammad Hadi Haji Rahimi, um comandante militar. Outras nove pessoas morreram.

Após o bombardeio, o embaixador do Irã na Síria , Hossein Akbari, afirmou que a resposta seria “na mesma magnitude e dureza”, conforme relato do jornal The Guardian. “Consideramos que esta agressão violou todas as normas diplomáticas e tratados internacionais”, acrescentou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian.

Além da cancelar as licenças, o governo israelense disse na quarta-feira (3), através do ministro da Defesa, Yoav Gallant, que estava “aumentando a prontidão”. E, conforme observa várias alternativas diferentes para um eventual ataque iraniano, estava ainda “expandindo as nossas operações contra o Hezbollah e contra outros organismos que nos ameaçam.”

O Times of Israel diz que o governo trabalha com diferentes cenários para um ataque. Aquele que é tido como mais provável de certa forma já se faz presente, que são ataques realizados por grupos independentes apoiados por Teerã contra interesses de Israel no Líbano, na Síria, no Iraque ou no Iêmen. A opção extrema, ainda inédita, seria o disparo de mísseis contra o território israelense.

Em entrevista à agência Reuters, Amos Yadlin, ex-chefe da inteligência israelense, disse que o Irã pode escolher a sexta-feira (5), última do mês sagrado muçulmano do Ramadã, para atacar. “Não ficarei surpreso se o Irã agir amanhã. Não entre em pânico. Não corra para os abrigos”, disse ele, avaliando que os sistemas de defesa aérea de Israel tendem a conter eventuais mísseis iranianos.

Ainda assim, o governo israelense considera reabrir os abrigos antiaéreos em Tel Aviv, segundo a agência de notícias Mehr News.

Tags: