Ofensiva de Israel em Gaza mata mais de 300 crianças em duas semanas, diz Unicef

Agência da ONU denuncia que ataques aéreos reiniciaram com intensidade e agravam crise humanitária, com bloqueio prolongado de ajuda

Ao menos 322 crianças foram mortas e outras 609 ficaram feridas desde que Israel relançou sua ofensiva militar na Faixa de Gaza em 18 de março. Os dados foram divulgados nesta semana pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), que aponta para o agravamento da crise humanitária no território palestino. As informações são da rede BBC.

De acordo com a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, a recente retomada dos bombardeios anulou os efeitos da trégua anterior. “O cessar-fogo em Gaza proporcionou uma tábua de salvação desesperadamente necessária para as crianças de Gaza e uma esperança de um caminho para a recuperação”, afirmou. “Mas as crianças foram novamente mergulhadas num ciclo de violência mortal e privação.”

Família palestina foge de casa em Rafah, ao sul da Faixa de Gaza (Foto: El Baba/Unicef)

A nova onda de ataques começou após Israel acusar o Hamas de rejeitar uma proposta dos EUA para estender o cessar-fogo e libertar os 59 reféns ainda mantidos em Gaza. O grupo palestino, por sua vez, responsabilizou Israel por descumprir o acordo inicial firmado em janeiro.

Segundo o Unicef, os bombardeios têm sido “incessantes e indiscriminados”, e ao menos cem crianças foram mortas ou mutiladas por dia nos dez dias que antecederam 31 de março. A maioria das vítimas fatais estava deslocada, vivendo em tendas improvisadas ou em casas destruídas pelos combates.

A agência também alertou para o impacto do bloqueio de ajuda humanitária. Desde 2 de março, Israel não permite a entrada de suprimentos na Faixa de Gaza — o maior período sem ajuda desde o início do conflito. “Sem estes fornecimentos essenciais, a subnutrição, as doenças e outras condições evitáveis ​​provavelmente aumentarão, levando a um aumento das mortes infantis evitáveis”, escreveu a entidade em nota oficial.

O conflito, iniciado após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, já deixou mais de 50.399 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas. Desde então, cerca de 15 mil crianças foram mortas, 34 mil ficaram feridas e quase um milhão foram deslocadas repetidamente, segundo o Unicef.

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