ONU se diz preocupada com operação militar israelense na Cisjordânia

Além de realizar os bombardeios, Israel vem impedindo que ambulâncias sob a gestão da OMS cheguem aos palestinos feridos

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, expressou profunda preocupação com os acontecimentos em Jenin, na Cisjordânia ocupada, onde ataques aéreos israelenses atingiram um campo de refugiados densamente povoado.

Numa declaração do seu porta-voz na segunda-feira (3), Guterres afirmou que todas as operações militares devem ser conduzidas com total respeito pelo direito humanitário internacional.

A incursão ocorre após outra operação no campo em 19 de junho, que deixou quatro palestinos mortos e 91 feridos.

O escritório de coordenação de assuntos humanitários da ONU (Ocha) disse na terça-feira (4) que, como resultado das operações aéreas e terrestres na Cisjordânia, dez palestinos, incluindo três crianças, foram mortos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.

Pelo menos outras cem pessoas ficaram feridas, das quais 20 estão em estado crítico, disse o Ocha. Milhares de moradores teriam deixado o acampamento desde o início da operação.

Em um aparente ataque de retaliação na cidade de Tel Aviv, em Israel, na terça, sete pessoas ficaram feridas, três delas gravemente, quando um palestino atropelou pedestres do lado de fora de um shopping center, segundo informações da imprensa.

O agressor foi baleado e morto por um cidadão israelense no local. O grupo militante palestino Hamas teria descrito o ataque como uma resposta direta à operação militar em Jenin.

Acampamento de refugiados palestinos na Cisjordânia ocupada, agosto de 2011 (Foto: Unrwa/Ala’a Ghosheh)
Falta de itens básicos

Os ataques aéreos em Jenin “danificaram significativamente” as estruturas nas quais as pessoas viviam tanto no campo quanto nos bairros vizinhos. A agência alertou que, devido a danos na infraestrutura, a maior parte do acampamento de Jenin perdeu o acesso à água potável e à eletricidade.

A agência da ONU para os refugiados da Palestina (UNRWA), que administra quatro escolas, um centro de saúde e outras instalações no campo de Jenin, disse que muitos moradores precisam urgentemente de comida, água potável e leite em pó para as crianças.

Na segunda, todas as instalações da UNRWA no campo, operadas por 90 funcionários, estavam fora de serviço devido às intensas trocas de tiros, informou a agência.

Ambulâncias com acesso negado

Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse na terça-feira que a extensão dos ferimentos das pessoas estava pressionando o sistema de saúde “frágil e subfinanciado” e que estava trabalhando com parceiros para entregar mais suprimentos médicos que salvam vidas ao Hospital Jenin.

Os humanitários da ONU disseram que a destruição de estradas no campo de refugiados estava restringindo o acesso de equipes médicas e ambulâncias, e as forças israelenses estavam realizando verificações de veículos, incluindo ambulâncias, na entrada do campo.

Segundo a agência de saúde da ONU, ambulâncias com equipes médicas foram impedidas de entrar em partes do campo de refugiados e chegar a pessoas gravemente feridas.

Ataques à saúde

Pelo menos dois hospitais também foram atingidos por ataques envolvendo o uso de munições e botijões de gás.

“Os ataques contra os cuidados de saúde, incluindo a prevenção do acesso a pessoas feridas, são extremamente preocupantes”, afirmou a OMS, apelando ao “respeito e proteção dos cuidados de saúde”, incluindo a passagem segura para os serviços de saúde em Jenin e em toda a Palestina.

A agência lembrou que houve um “aumento significativo” nos ataques à saúde na Cisjordânia neste ano. Os primeiros cinco meses de 2023 viram “pelo menos” 124 ataques documentados pela OMS, resultando em 39 feridos entre os profissionais de saúde e afetando 117 ambulâncias.

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