Protestos no Irã já deixaram pelo menos 326 mortos, incluindo 43 crianças, diz ONG

Segundo a ONG IHRNGO, que monitora os direitos humanos na república islâmica, há subnotificação e o número real de óbitos “é certamente maior”

Já são 326 pessoas mortas pelas forças de segurança do Irã desde que manifestações populares tomaram as ruas do país em setembro após a morte de uma jovem de 22 anos que usava o hijab incorretamente. Os números foram levantados pela ONG de Direitos Humanos do Irã (IHRNGO), com sede em Oslo, na Noruega. As informações são da rede CNN.

Desse total, 43 são crianças e 25 são mulheres, de acordo com uma atualização divulgada pela organização no sábado (12). Os dados representam um “mínimo absoluto”, acrescentou a ONG, que investiga outras mortes e diz que, por conta da subnotificação, o número “é certamente maior”. A estatística atual aponta um aumento de 22 óbitos desde o último levantamento, divulgado no dia 5 de novembro.

Canadenses protestam em Ottawa contra a repressão no Irã (Foto: Wikimedia Commons)

Pelo Twitter, o diretor do IHRNGO, Mahmood Amiry-Moghaddam, pediu à comunidade internacional que aja o mais rápido possível para interromper a repressão.

“Estabelecer um mecanismo internacional de investigação e responsabilização pela ONU (Organização das Nações Unidas) facilitará o processo de responsabilização dos perpetradores no futuro e aumentará o custo da repressão contínua pela República Islâmica”, disse ele no comunicado.

Na sexta-feira (11), especialistas da ONU instaram as autoridades iranianas a “parar de indiciar pessoas com acusações puníveis com a morte por participação, ou suposta participação, em manifestações pacíficas” e “parar de usar a pena de morte como ferramenta para reprimir protestos”.

Outro grupo de direitos humanos, a Anistia Internacional (AI), também reivindica tal mecanismo, que alega ter sido apoiado por uma petição assinada por mais de um milhão de pessoas.

Segundo o segundo o IHRNGO, desde o início dos protestos, foram registradas mortes em 22 províncias. A maioria foi relatada em Sistão, Baluchistão, Teerã, Mazandaran, Curdistão e Gilan.

Por que isso importa?

Os protestos populares tomaram as ruas do Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres. Sob custódia, ela desmaiou, entrou em coma e morreu três dias depois.

Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da república islâmica. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de dezenas de mortes.

No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.

De acordo com a ONG, em ao menos 13 cidades do Irã foram registrados casos de uso de força excessiva ou letal. O relatório cita vídeos divulgados na internet que mostram agentes estatais usando rifles, espingardas e revólveres indiscriminadamente contra a multidão, “matando e ferindo centenas”.

Além dos mortos e feridos, a ONG destaca os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. E cita também o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.

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