RSF alega que morte de jornalista no Líbano foi resultado de um ataque direcionado

ONG diz que análise balística comprova que ataque aéreo israelense queria atingir comboio com profissionais da imprensa

No domingo (29), a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) compartilhou em seu site as conclusões iniciais da investigação que conduz sobre a morte do fotojornalista da Reuters Issam Abdallah, de 37 anos, ocorrida no sul do Líbano em 13 de outubro. E concluiu que ela foi resultado de um ataque direcionado proveniente da fronteira israelense.

A RSF divulgou um vídeo que recria o trágico incidente que resultou na morte de Abdallah e causou ferimentos em outros jornalistas no momento em que o comboio em que eles estavam cobria o conflito ao vivo. A investigação inicial aponta que os repórteres não foram vítimas por acaso do bombardeio, mas sim alvos deliberados. Inclusive o veículo em que um grupo de profissionais estava, claramente identificado como “imprensa”, foi alvo de um ataque planejado.

A conclusão foi sustentada através de uma análise balística, que apontou que os tiros foram disparados do leste, ou seja, da direção da fronteira com Israel. Além disso, a ocorrência de dois ataques no mesmo local em um curto espaço de tempo, ambos provenientes da mesma direção, deixa evidente que o alvo era “específico e premeditado”, disse a ONG.

Issam Abdallah durante cobertura do terremoto na Turquia, em fevereiro de 2023 (Foto: Facebook/arquivo pessoal)

Segundo a RSF, as ofensivas, que tiveram uma diferença de 30 segundos, atingiram exatamente o local onde sete jornalistas estavam posicionados para cobrir o conflito entre o Hezbollah e o exército israelense. No primeiro ataque, Abdallah foi morto, e a correspondente da Agence France-Presse (AFP) Christina Assi ficou gravemente ferida. No segundo, um veículo pertencente à agência de notícias Al Jazeera explodiu, e muitos jornalistas ficaram feridos.

Várias testemunhas acusaram os militares israelenses pelo incidente. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram que não têm a intenção deliberada de atingir jornalistas e estão conduzindo uma investigação do incidente.

De acordo com a investigação da RSF, é altamente improvável que os jornalistas tenham sido confundidos com combatentes, já que estavam visíveis por mais de uma hora no topo de uma colina, usando capacetes e coletes à prova de balas com a palavra “imprensa” visível.

Além disso, o veículo em que estavam também estava claramente identificado como “imprensa” através de uma marcação no teto, conforme relatado por testemunhas.

A RSF também destacou que Edmond Sassine, um dos jornalistas presentes, relatou que um helicóptero israelense estava sobrevoando a área segundos antes do ataque.

As tensões na fronteira entre Israel e Líbano têm aumentado devido ao lançamento da Operação “Al-Aqsa Flood” pelo Hamas e os subsequentes ataques de Israel à Faixa de Gaza. Como resultado, houve trocas de tiros entre o Hezbollah e o exército israelense, resultando em mortes e feridos em ambos os lados.

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