No domingo (29), a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) compartilhou em seu site as conclusões iniciais da investigação que conduz sobre a morte do fotojornalista da Reuters Issam Abdallah, de 37 anos, ocorrida no sul do Líbano em 13 de outubro. E concluiu que ela foi resultado de um ataque direcionado proveniente da fronteira israelense.
A RSF divulgou um vídeo que recria o trágico incidente que resultou na morte de Abdallah e causou ferimentos em outros jornalistas no momento em que o comboio em que eles estavam cobria o conflito ao vivo. A investigação inicial aponta que os repórteres não foram vítimas por acaso do bombardeio, mas sim alvos deliberados. Inclusive o veículo em que um grupo de profissionais estava, claramente identificado como “imprensa”, foi alvo de um ataque planejado.
A conclusão foi sustentada através de uma análise balística, que apontou que os tiros foram disparados do leste, ou seja, da direção da fronteira com Israel. Além disso, a ocorrência de dois ataques no mesmo local em um curto espaço de tempo, ambos provenientes da mesma direção, deixa evidente que o alvo era “específico e premeditado”, disse a ONG.
Segundo a RSF, as ofensivas, que tiveram uma diferença de 30 segundos, atingiram exatamente o local onde sete jornalistas estavam posicionados para cobrir o conflito entre o Hezbollah e o exército israelense. No primeiro ataque, Abdallah foi morto, e a correspondente da Agence France-Presse (AFP) Christina Assi ficou gravemente ferida. No segundo, um veículo pertencente à agência de notícias Al Jazeera explodiu, e muitos jornalistas ficaram feridos.
Várias testemunhas acusaram os militares israelenses pelo incidente. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram que não têm a intenção deliberada de atingir jornalistas e estão conduzindo uma investigação do incidente.
De acordo com a investigação da RSF, é altamente improvável que os jornalistas tenham sido confundidos com combatentes, já que estavam visíveis por mais de uma hora no topo de uma colina, usando capacetes e coletes à prova de balas com a palavra “imprensa” visível.
Além disso, o veículo em que estavam também estava claramente identificado como “imprensa” através de uma marcação no teto, conforme relatado por testemunhas.
A RSF também destacou que Edmond Sassine, um dos jornalistas presentes, relatou que um helicóptero israelense estava sobrevoando a área segundos antes do ataque.
As tensões na fronteira entre Israel e Líbano têm aumentado devido ao lançamento da Operação “Al-Aqsa Flood” pelo Hamas e os subsequentes ataques de Israel à Faixa de Gaza. Como resultado, houve trocas de tiros entre o Hezbollah e o exército israelense, resultando em mortes e feridos em ambos os lados.