Imagens de satélite e dados de rastreamento de navios analisados pelo The New York Times apontam para a interrupção das operações militares e comerciais russas no porto de Tartus, na Síria. Este porto, considerado estratégico para a projeção de poder de Moscou no Mediterrâneo, deixou de registrar movimentações significativas desde a queda do governo de Bashar al-Assad no último domingo (8).
De acordo com as imagens capturadas nos dias 5 e 6 de dezembro, cinco grandes navios militares russos e um submarino estavam presentes no porto. No entanto, registros posteriores, feitos na segunda (9), terça (10) e quarta-feira (11), mostram que essas embarcações já haviam deixado o local. Duas fragatas russas foram vistas em patrulha a algumas milhas da costa na terça-feira, mas seu posicionamento futuro ainda é incerto.
O porto de Tartus, fundado em 1971, tem sido um ponto de presença contínua de Moscou, primeiro sob a União Soviética e, posteriormente, sob a Rússia. Ele é o único porto de águas profundas russo no Mediterrâneo, desempenhando um papel fundamental para interesses estratégicos na região.
Dados da plataforma MarineTraffic revelam que nenhuma embarcação de carga entrou ou saiu do porto desde segunda-feira. Duas pequenas embarcações comerciais foram registradas nas águas próximas a Tartus, mas não atracaram. Além disso, navios russos que regularmente transportam grãos da Rússia e da Ucrânia ocupada para a Síria alteraram suas rotas nos últimos dias. Entre eles, o Mikhail Nenashev, que atualmente navega próximo à costa de Chipre.
Navios da Marinha síria ainda estão atracados no porto, apesar de relatos de que ataques aéreos israelenses destruíram grande parte da frota síria na cidade portuária de Latakia, localizada a cerca de 85 quilômetros de Tartus. O Ministério da Defesa de Israel afirma que os ataques foram realizados na terça-feira, mas imagens de satélite indicam que algumas embarcações sírias permanecem intactas.
Interrupção no fornecimento de petróleo
O fornecimento de petróleo para a Síria também foi impactado. O petroleiro iraniano Lotus, que transportava 750 mil barris de petróleo bruto destinados ao país, alterou sua rota abruptamente no Mar Vermelho no último domingo.
Sob o governo de al-Assad, a Síria dependia fortemente do petróleo iraniano para manter suas refinarias em operação. Viktor Katona, analista de petróleo da empresa Kpler, destacou que essa interrupção pode levar a uma escassez crítica de combustíveis, como diesel e gasolina, nos próximos dias.