Soldado irlandês das Nações Unidas é morto durante operação no Líbano

Um comboio com dois veículos blindados e oito pessoas a bordo seguia para Beirute quando foi atacado por armas leves

A ONU (Organização das Nações Unidas) informou nesta quinta-feira (15) que um soldado de paz, de nacionalidade irlandesa, foi morto durante uma missão no Líbano. Outros três combatentes da Unifil, a força interina das Nações Unidas no país, ficaram feridos no incidente.

“Oferecemos nossas mais profundas condolências aos amigos, familiares e colegas do pacificador que morreu. Esperamos a recuperação completa e rápida dos feridos. Nossos pensamentos também estão com os civis locais que podem ter sido feridos ou assustados no incidente”, disse a ONU em comunicado.

A Unifil também se manifestou sobre o incidente através do Twitter. “No momento, os detalhes são escassos e conflitantes. Estamos coordenando com as Forças Armadas Libanesas e iniciamos uma investigação para determinar exatamente o que aconteceu”.

De acordo com as forças de defesa da Irlanda, um comboio com dois veículos blindados seguia para Beirute, na quarta-feira (14), quando foi atacado por armas leves. Havia oito pessoas a bordo, sendo que quatro ficaram feridas.

“Quatro (4) funcionários foram levados para o Hospital Raee, perto de Sidon, como resultado do incidente. Um soldado foi declarado morto ao chegar ao hospital e outro foi submetido a cirurgia e está em estado grave. Os outros dois soldados estão sendo tratados por ferimentos leves”, diz comunicado dos militares irlandeses.

De acordo com a agência Associated Press, alguns indivíduos da região onde ocorreu o ataque reagiram com irritação quando o comboio fez um desvio por Al-Aqbiya, território que não faz parte da área sob mandato da Unifil.

Entretanto, não está claro até o momento quem foi responsável pela ação contra os soldados de paz. Quando os tiros foram disparados, um dos blindados teria capotado na tentativa de fugir do local, de acordo com uma fonte que presenciou o incidente mas pediu para ter a identidade preservada.

Soldados da missão de paz da ONU no Líbano durante exercício em junho de 2022 (Foto: Unifil/Flickr)
Por que isso importa?

Em junho deste ano, no Memorial Anual para honrar os funcionários que morreram em serviço, a ONU anunciou que, no período entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021, registrou o maior número de mortes de servidores em um ano. 

No total, 485 funcionários das Nações Unidas morreram em 2021, sendo 414 civis. De acordo com o chefe da organização, o secretário-geral António Guterres, eles eram de 104 nações de todos os cantos do mundo. Desde a fundação, mais de 3,5 mil homens e mulheres perderam a vida enquanto serviam à entidade.

Ole Bakke, norueguês servindo na Palestina, foi a primeira vítima da história da ONU, morto a tiros em julho de 1948. Dois meses depois, Folke Bernadotte, da Suécia, mediador na Palestina, foi o segundo a ser morto. Já o secretário-geral Dag Hammarskjöld, junto com outras 15 pessoas, morreu em um acidente de avião na antiga Rodésia, atual Zâmbia, em 1961.

Três décadas depois da morte de Hammarskjöld, o número e a escala crescentes de missões de paz da ONU passaram a colocar muitos funcionários em risco. Mais vidas foram perdidas durante a década de 1990 do que nas quatro décadas anteriores combinadas.

Recentemente, a ONU se tornou um alvo como entidade, com suas instalações atacadas três vezes: em Bagdá, 2003, Argel, 2007, e Cabul, 2009. O atentado em Bagdá matou o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que servia como alto comissário para os direitos humanos.

De 2013 a 2017, um aumento consistente nas mortes de soldados de paz devido a atos violentos resultou em 195 mortes.

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