Três policiais e um militar morrem em troca de tiros como militantes no Baluchistão

Agressores usaram granadas de mão, granadas lançadas por foguetes e fuzis de assalto contra uma base das forças de segurança

Um ataque realizado por militantes fortemente armados matou três policiais e um soldado das forças armadas do Paquistão no domingo (2), na província do Baluchistão, sudoeste paquistanês. Um dos agressores também foi morto na troca de tiros, segundo informações da agência Associated Press (AP).

Abdul Salam Baloch, chefe de polícia local, disse que os agressores usaram granadas de mão, granadas lançadas por foguetes e fuzis de assalto contra uma base das forças de segurança. Somente um dos militantes morreu, e os demais conseguiram fugir e se esconder nas montanhas da região.

Além dos quatro agentes de segurança mortos, um soldado ficou ferido no tiroteio, que durou cerca de duas horas. Dois militantes também ficaram feridos, mas foram levados pelos companheiros.

Não está claro qual grupo foi responsável pela ação. Porém, a região é território do Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popular Taleban do Paquistão, que tem conduzidos violentos ataques extremistas em solo paquistanês desde que um cessar fogo com o governo local fracassou.

Trata-se de um grupo extremista local sem relação direta com a organização homônima que governa o Afeganistão, embora mantenham uma relação cordial. Islamabad aproveita essa situação para negociar com o Taleban afegão acordos que eventualmente envolvam o TTP.

Também atuam no Baluchistão grupos separatistas armados como o Exército de Libertação Balúchi (BLA, na sigla em inglês) e a Frente de Libertação do Baluchistão (BLF, na sigla em inglês). 

Rodovia na província do Baluchistão, Paquistão, setembro de 2009 (Foto: Divulgação/Ahmed Sajjad Zaidi)

Por que isso importa?

O Baluchistão se estende por três países, Paquistão, Irã e Afeganistão. É uma região árida, montanhosa e rica em recursos minerais, cujo nome vem dos balúchis, um povo muçulmano essencialmente sunita originalmente iraniano que habita a área.

A porção paquistanesa é a mais extensa e tem sido palco de muita violência nos últimos anos. Grupos separatistas que atuam na região entraram em conflito com o governo do Paquistão, o que gerou milhares de mortes desde 2004. Organizações extremistas islâmicas, caso do TTP, ajudam a aumentar a tensão.

A luta dos separatistas é por maior autonomia política em relação a Islamabad e pelo direito de explorar os vastos recursos da região. Isso gerou desavenças particularmente com a China, sob a acusação de que o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), anunciado em 2015, estaria sugando as riquezas da região sem melhorar as condições da população local.

Com um orçamento de US$ 60 bilhões, o CPEC projeta ligar a cidade portuária de Gwadar, no Baluchistão, a Xinjiang, no noroeste da China, por meio de obras rodoviárias e ferroviárias. O acordo ainda prevê projetos de energia para atender às necessidades de abastecimento do Paquistão.

Os balúchis argumentam que o projeto bilionário de infraestrutura não tem beneficiado a região, enquanto outras províncias paquistanesas colhem os frutos. O caso gera protestos generalizados, e os chineses são vistos como invasores dispostos a extrair as riquezas da região.

O principal grupo radical atuante no Baluchistão é o BLA, que em 2019 foi inserido pelos EUA na lista de grupos terroristas internacionais. A BLF é outra organização de forte presença na região.

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