Mulheres e crianças são maioria entre as vítimas de terremotos no Afeganistão, diz ONU

Mais de 90% dos mortos no terremoto de magnitude 6,3 no oeste do país no último fim de semana são pessoas do sexo feminino e jovens

Nos terremotos que atingiram o oeste do Afeganistão a partir do dia 7 de outubro, mais de 90% das vítimas foram mulheres e crianças, conforme relatado pelas autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas) na quinta-feira (12), um dia após um tremor secundário atingir a região e arrasar aldeias inteiras. As informações são da agência Associated Press.

Essa predominância de vítimas femininas e infantis se deve ao fato de que muitas delas provavelmente estavam em casa pela manhã, quando o terremoto ocorreu. Siddig Ibrahim, chefe do escritório local do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na província de Herat, explicou que, no momento do primeiro tremor, as pessoas pensaram se tratar de uma explosão e buscaram refúgio em suas residências. Como resultado, centenas de afegãos, principalmente mulheres, ainda estão desaparecidas no distrito de Zenda Jan.

Segundo as autoridades do Taleban, mais de duas mil pessoas de todas as idades e gêneros perderam a vida em Herat, com o epicentro localizado em Zenda Jan. Nesse distrito, 1.294 pessoas faleceram, 1.688 ficaram feridas e todas as habitações foram destruídas, de acordo com dados da ONU.

Uma mulher tem ferimentos tratados após terremoto no Afeganistão em 2022 (Foto: WikiCommons)

O representante do Afeganistão no Unicef, Jaime Nadal, explicou que se o terremoto tivesse ocorrido à noite, o número de mortos não teria uma diferença significativa entre homens e mulheres. Durante o dia, muitos homens estavam fora trabalhando ou migrando para o Irã em busca de emprego, enquanto as mulheres permaneciam em casa cuidando das tarefas domésticas e dos filhos. Como resultado, elas ficaram presas nos escombros, destacando uma clara disparidade de gênero.

A ONG Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC, da sigla em inglês) descreveu a destruição como sendo de grande magnitude. Relatórios iniciais da entidade indicam que muitas das vítimas eram crianças pequenas que foram “esmagadas ou sufocadas quando os prédios desabaram sobre elas”.

O fato de muitas crianças terem ficado órfãs levanta preocupações sobre quem cuidará delas. Segundo as autoridades humanitárias, orfanatos são escassos, o que significa que o futuro delas poderá depender de parentes sobreviventes ou membros da comunidade.

O problema também se estende a recém-nascidos. A maternidade na província de Herat está com rachaduras que tornam o edifício inseguro. A ONU forneceu tendas para que as mulheres grávidas tenham um local seguro para ficar e receber cuidados médicos, conforme explicou Nadal.

No total, estima-se que 4,2 mil pessoas, cerca de 600 famílias, tenham sido afetadas, das quais 1,4 mil estão deslocadas internamente, segundo a ONU. Pelo menos 11,5 mil pessoas no distrito de Zenda Jan viram as suas casas completamente destruídas. Um financiamento inicial de 20 milhões de dólares foi pedido para ajudar aproximadamente 13 mil crianças e suas famílias que foram gravemente afetadas pelo abalo sísmico.

O Unicef comunicou que, com o apoio de seus parceiros, está trabalhando constantemente para entender a situação e tomar as medidas necessárias. A ajuda inclui entrega de itens essenciais como água, saneamento e produtos de higiene, bem como cuidados de saúde e proteção para as crianças. Além disso, disponibilizou tendas de emergência para aliviar o excesso de pacientes nas clínicas de saúde.

O Afeganistão está localizado em uma zona sísmica ativa, o que resulta em uma incidência relativamente alta de terremotos. Isso se deve à colisão das placas tectônicas indiana e euroasiática na região, gerando movimentos tectônicos que causam tremores com frequência.

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