Estado Islâmico muda estratégia, faz novas alianças e aumenta influência na África

Nigéria, Moçambique, RD Congo e o Sahel africano concentram as principais vitórias da milícia na África

O Estado Islâmico (EI) tem fortalecido sua influência na África nos últimos meses. Novas alianças e uma mudança de estratégia têm assegurado ao grupo jihadista um importante avanço no continente, de acordo com o jornal britânico The Guardian

“Para uma organização como o EI, na África Subsaariana é possível ter um grande impacto com um mínimo de recursos. É um dos poucos lugares no mundo onde o EI realmente controla um território de muitos milhares de quilômetros quadrados. É uma fronteira para eles ”, disse o especialista em extremismo islâmico na Nigéria Vincent Foucher, da ONG International Crisis Group.

Membros do ISWAP celebram afiliação de novo líder na agência do Estado Islâmico, Amaq, em novembro de 2019 (Foto: Reprodução/Amaq)

A milícia tem se fortalecido especialmente na Nigéria, em Moçambique, na RD Congo e no Sahel africano. Em seus canais de propaganda, os jihadistas constantemente destacam suas conquistas no continente africano como forma de compensar o enfraquecimento em outras regiões.

Uma estratégia bastante eficiente é o estabelecimento de governos paralelos por parte da milícia. A ideia é oferecer segurança e serviços básicos à população, aumentando o apoio local e reduzindo a influência de governos nacionais fracos, corruptos e ineficientes.

Na Nigéria, a morte do ex-líder do Boko Haram Abubakar Shekau foi uma enorme vitória para o EI. A conquista veio através da milícia afiliada ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), que não só derrubou Shekau como conseguiu converter combatentes do Boko Haram para suas tropas.

Entre as concessões que o ISWAP faz para seduzir as comunidades estão a criação de novas áreas de pastagem, a libertação de reféns e a cobrança de impostos religiosos dos ricos. Abu Musab al-Barnawi, líder do grupo, tem demonstrado em gravações de áudio um comportamento menos agressivo que antecessores.

As mudanças são direcionadas também para os próprios jihadistas, Diferente de Shekau, Barnawi entende que os muçulmanos que vivem em outras regiões não são necessariamente inimigos ou apóstatas. E os combatentes agora podem manter seus documentos pessoais e passaportes, mesmo que de outras nações.

Ataque no Mali

Uma base temporária da ONU (Organização das Nações Unidas) foi atacada nesta sexta-feira (25), no Mali. De acordo com a Minusma (Missão de Estabilização Integrada Multidimensional da ONU), um carro-bomba explodiu perto da aldeia de Ichagara, na comuna de Tarkint, região de Gao, e deixou ao menos 13 soldados de paz feridos, 12 deles alemães.

A Minusma já enviou 13 mil soldados ao Mali para controlar a violência proveniente de milícias armadas nas regiões norte e central do Mali. Desde 2013 foram registradas 230 mortes de soldados de paz, fazendo dessa a missão mais perigosa da ONU no mundo. Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, numa área onde tanto Al-Qaeda quanto EI são ativos.

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