‘Estamos seguros agora, mas não estaremos em quatro ou cinco anos’, diz chefe da Otan

Mark Rutte alerta que alianças frágeis podem colocar a segurança global em risco e pede urgência em decisões de financiamento militar

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, reforçou nesta semana a necessidade de os países membros aumentarem seus gastos com defesa, argumentando que a meta atual de 2% do PIB é insuficiente para enfrentar ameaças crescentes. “Se não fizermos isso [elevar os gastos], estamos seguros agora, mas não estaremos em quatro ou cinco anos”, disse ele ao Parlamento Europeu, segundo relatou a revista Newsweek.

Rutte, que assumiu o comando da organização recentemente, também destacou a importância do estreitamento de laços entre a Otan e a União Europeia (UE) como resposta às iniciativas russas que buscam desestabilizar o cenário global. “Se não agirmos, é melhor começar a fazer cursos de russo ou se mudar para a Nova Zelândia”, ironizou, destacando a urgência de fortalecer a defesa coletiva.

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, com tropas da aliança na Bulgária (Foto: Nato/divulgação)

O apelo de Rutte ocorre em um contexto de pressões adicionais do ex-presidente Donald Trump, que durante sua campanha para as eleições de 2024 acusou a Otan de depender excessivamente das contribuições dos Estados Unidos e sugeriu até mesmo a possibilidade de deixar a aliança caso os membros não aumentem suas despesas militares.

Durante sua gestão anterior, Trump já havia defendido que o limite de gastos fosse dobrado para 4% do PIB, o que Rutte reconheceu como um estímulo para mudanças. “Desde que Trump se tornou presidente, gastamos US$ 641 bilhões a mais do que antes. Ele estava totalmente certo ao nos pressionar”, afirmou o secretário-geral em uma conferência em dezembro.

Quem aprova e quem reprova a proposta?

David Lammy, secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, reforçou a visão de Rutte em discurso recente. “Donald Trump e JD Vance (vice-presidente eleito) estão absolutamente certos ao afirmar que a Europa precisa fazer mais para defender seu próprio continente. Fingir o contrário é miopia, com a Rússia avançando”, declarou.

Rutte também reconheceu que o conflito na Ucrânia acelerou os gastos com defesa, mas enfatizou que o aumento precisa ser estruturado e permanente para garantir a segurança no futuro. A definição sobre os novos objetivos de gastos deve ocorrer em breve, com discussões programadas para os próximos meses.

O apelo de Rutte reflete a preocupação crescente com a segurança global e o papel de cada membro da Otan em contribuir para a estabilidade regional. Ele deixou claro que decisões rápidas são necessárias para evitar vulnerabilidades no sistema de defesa europeu.

No entanto, o aumento de gastos proposto enfrenta resistência. O chanceler alemão Olaf Scholz criticou a ideia como “mal concebida” e questionou a origem dos recursos adicionais. Apesar disso, o debate deve se intensificar nos próximos meses, especialmente diante das tensões crescentes com a Rússia.

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