EUA e Coreia do Sul fazem manobras militares em resposta às provocações de Pyongyang

Exercícios militares anuais "Freedom Shield" terão início na próxima semana em meio a tensões na península coreana

Forças sul-coreanas e norte-americanas estão em meio a preparativos para iniciar seus exercícios militares anuais no início da semana que vem, em resposta às crescentes ameaças nucleares da Coreia do Norte, anunciaram os dois países. As informações são da agência Associated Press.

As manobras devem potencialmente irritar Pyongyang, que vê os exercícios entre os aliados como uma provocação. Nos últimos meses, a Coreia do Norte tem aumentado a tensão na península com discursos beligerantes e testes de mísseis, entre eles um hipersônico difícil de detectar e interceptar. Embora seja improvável que ocorram ataques contra Seul e Washington, há preocupações com possíveis hostilidades ao longo da fronteira.

O exercício, chamado Freedom Shield (“Escudo da liberdade”), foi anunciado conjuntamente na quarta-feira (28) pelos aliados. O treinamento incluirá simulações computadorizadas de comando e uma série de exercícios de campo separados, programados para ocorrer de 4 a 14 de março.

Oficiais do exército dos EUA discutem esquema de manobra para desembarque anfíbio com membros do Corpo de Fuzileiros Navais da República da Coreia em exercício no ano de 2016 (Foto: U.S. Indo-Pacific Command/Flickr)

Segundo o coronel Lee Sung-Jun, porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS), os exercícios têm o objetivo de fortalecer a cooperação entre os aliados para dissuadir Pyongyang de usar armas nucleares. Está prevista a realização de 48 exercícios de campo, o dobro do número realizado no ano passado. Entre as atividades planejadas, estão treinamentos de ataque aéreo, tiros reais e práticas de bombardeio.

Durante o exercício, planeja-se fortalecer a defesa conjunta contra diversas ameaças, incluindo as operações nucleares da Coreia do Norte, utilizando recursos terrestres, marítimos, aéreos, cibernéticos e espaciais, informou o JCS em um comunicado.

“Haverá uma variedade de exercícios combinados em terra, mar e ar para aumentar a interoperabilidade e aprimorar as capacidades operacionais conjuntas da aliança”, afirmou.

Além disso, alguns Estados-membros do Comando das Nações Unidas participarão dos exercícios, enquanto a Comissão de Supervisão das Nações Neutras (Neutral Nations Supervisory Commission), contingente que monitorou a fronteira entre as Coreias depois do armistício de 1953, os observará.

Lee acrescentou: “Nossas forças armadas estão preparadas para retaliar imediatamente a qualquer provocação da Coreia do Norte, com firmeza e até o fim, e reforçaremos ainda mais nossa prontidão através dos próximos exercícios.”

Dissuasão em meio à turbulência

O coronel Isaac Taylor, porta-voz das Forças Armadas dos EUA, enfatizou que os exercícios realizados pelos aliados têm sido defensivos e ressaltou a importância da prontidão elevada como “uma forma de dissuasão eficaz”.

Até o momento, não houve resposta imediata por parte da Coreia do Norte ao anúncio dos exercícios. No entanto, o país já reagiu a grandes manobras militares anteriores entre a Coreia do Sul e os EUA com seus próprios testes de mísseis.

Paralelamente aos frequentes testes de mísseis, Pyongyang tem trabalhado na miniaturização de suas ogivas nucleares para usá-las em uma variedade maior de armas. Em 2023, o país já apresentou uma ogiva com diâmetro de 460 mm, uma redução considerável em relação às de 600 mm conhecidas até então.

Recentemente, a Coreia do Norte anunciou mudanças em sua política e passou a designar o Sul como um Estado inimigo separado, rompendo com décadas de política. Kim disse que a reunificação pacífica “não é mais possível”.

Tags: