Coreia do Norte anuncia teste com míssil hipersônico, difícil de detectar e interceptar

A mais sofisticada arma de longo alcance do país é movida a combustível sólido, sendo concebida com o propósito de alcançar o continente americano

A Coreia do Norte testou com êxito um míssil balístico de médio alcance de combustível sólido no domingo (14), de acordo com informações da agência estatal KCNA. A ação gerou reações negativas dos Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão, segundo informações da agência Reuters.

O objetivo do lançamento, segundo o regime norte-coreano, é avaliar a confiabilidade dos novos motores sólidos de múltiplos estágios e uma ogiva hipersônica manobrável controlada de alcance intermediário.

O míssil percorreu cerca de mil quilômetros até o Mar do Leste. O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) declarou que autoridades em Seul, Washington e Tóquio estavam analisando as especificações. Anteriormente, Pyongyang havia afirmado ter testado seus novos motores de propelente sólido para um míssil balístico de médio alcance em 11 e 14 de novembro.

Teste do míssil balístico intercontinental Hwasongpho-17 em março de 2022 (Foto: Ryan Chan/Flickr)

O lançamento do míssil é o primeiro desde que Pyongyang testou seu míssil Hwasong-18 em meados de dezembro, projétil que fez um voo mais longo que qualquer outro armamento do tipo testado por Pyongyang, aumentando consideravelmente as chances de o país eventualmente atingir um alvo inimigo.

O míssil balístico intercontinental de combustível sólido foi projetado para atingir o continente americano e é a arma de longo alcance mais avançada do país.

As tensões entre as Coreias têm aumentado desde que Pyongyang lançou um satélite espião militar em novembro e prometeu expandir seu arsenal nuclear. Especialistas alertaram que a nação controlada por Kim Jong-un poderia aumentar seus testes de mísseis balísticos antes das eleições parlamentares da Coreia do Sul em abril e das eleições presidenciais dos EUA em novembro.

Em dezembro, Kim Jong-un voltou a ameaçar usar o arsenal nuclear da Coreia do Norte contra o Ocidente, particularmente contra os EUA, caso se sinta acuado. O discurso agressivo do líder comunista foi feito perante seus soldados durante o lançamento de mais um míssil balístico de teste pelas Forças Armadas do país.

“Não hesitaremos em lançar um ataque nuclear se formos provocados por armas nucleares dos nossos inimigos”, disse Kim aos militares.

Paralelamente aos frequentes testes de mísseis, Pyongyang tem trabalhado na miniaturização de suas ogivas nucleares para usá-las em uma variedade maior de armas. Em 2023, o país já apresentou uma ogiva com diâmetro de 460 mm, uma redução considerável em relação às de 600 mm conhecidas até então.

Recentemente, a Coreia do Norte anunciou mudanças em sua política e passou a designar o Sul como um Estado inimigo separado, rompendo com décadas de política. Kim disse que a reunificação pacífica “não é mais possível”.

Corrida hipersônica

Três países estão na vanguarda tecnológica e disputando o primeiro lugar na corrida para ver qual será a nação a desenvolver a próxima geração de foguetes de longo alcance, difíceis de detectar e interceptar.

Em 2021, a China lançou um foguete com um veículo planador hipersônico que circulou o globo antes de descer em direção ao seu alvo, que errou por cerca de três dezenas de quilômetros.

No início do mesmo ano, a Rússia testou com sucesso um míssil de cruzeiro hipersônico Tsirkon (Zircon), que o presidente Vladimir Putin elogiou como parte de uma nova geração de sistemas de mísseis. Moscou também testou a arma de um submarino e de uma fragata pela primeira vez.

Em setembro de 2021, os Estados Unidos testaram uma arma hipersônica de respiração aérea – um tipo de míssil que usa o ar capturado da atmosfera para manter a propulsão, e voa a velocidades superiores a cinco vezes a velocidade do som, tornando-a extremamente rápida e difícil de interceptar –, marcando o primeiro teste bem-sucedido dessa classe de arma desde 2013.

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