Marinha dos EUA apreende armas em navio com provável destino ao Iêmen

Suspeita é de que rifles e munições eram enviados pelo Irã a uma milícia armada que age no país devastado por uma guerra civil

A Marinha dos EUA anunciou a descoberta de um grande esconderijo de rifles de assalto e munições contrabandeadas dentro de um navio pesqueiro do Irã. O armamento, que tinha como provável destino o Iêmen, foi apreendido durante operação iniciada na segunda-feira (20). As informações são da agência Associated Press.

O equipamento militar estava escondido em uma embarcação de pesca com uma tripulação de cinco iemenitas a bordo, que navegava ao norte do Mar Arábico, próximo a Omã e ao Paquistão. Durante busca no interior do navio, os soldados encontraram 1,4 mil rifles do tipo Kalashnikov (AK-47) e mais de 220 mil cartuchos de munição.

Operação da Marinha dos EUA no Atlântico Sul (Foto: U.S. Navy/Flickr)

Segundo nota emitida nesta quarta-feira (22) pela 5ª Frota, que tem base no Bahrein, o Irã é responsável pela remessa das armas, já que o barco navegava ao longo de uma rota “historicamente usada para traficar armas ilegalmente para os rebeldes Houthis no Iêmen”.

O armamento foi confiscado por navios de patrulha da Marinha dos EUA. A embarcação que o levava foi afundada sob a justificativa de representar “perigo” ao transporte comercial. De acordo com as autoridades norte-americanas, os tripulantes seriam repatriados.

“O fornecimento, venda ou transferência direta ou indireta de armas para os Houthis viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e as sanções dos Estados Unidos”, detalhou o comunicado.

Essa é a mais recente operação de apreensão em meio ao conflito no Iêmen que coloca os Houthis, uma milícia apoiada pelo Irã, contra uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita. A comunidade internacional e especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas) têm acusado seguidamente Teerã de contrabandear armas e tecnologia aos iemenitas nos últimos anos, patrocinando uma guerra civil e equipando os insurgentes com mísseis e drones, usados contra os vizinhos sauditas. Os iranianos negam envolvimento com os rebeldes, mesmo que evidências apontem o contrário.

As apreensões de armas destinadas à guerra do Iêmen feitas pelos EUA na região desde 2016 normalmente incluem rifles Kalashnikov, metralhadoras e lançadores de granadas. Segundo a 5ª frota da Marinha, cerca de 8,7 mil armas irregulares foram apreendidas em 2021 em toda a imensa área de patrulhamento, incluindo o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico, locais de importância estratégica.

A missão do Irã na ONU não atendeu a um pedido de comentário da reportagem sobre a interceptação.

Por que isso importa?

crise humanitária no Iêmen é tida como a mais grave do mundo. Em meio aos confrontos, cerca de dois milhões de civis migraram para cerca de 140 alojamentos improvisados no meio do deserto. O acesso a alimentos e água potável é escasso.

Mais de 13,6 mil moradores já deixaram Marib temendo a onda de violência que pode se instalar na cidade. Há relatos de que os houthis recrutam menores – em especial crianças – para a linha de frente das batalhas e para esgotar as munições das forças adversárias.

Os rebeldes intensificaram os ataques com mísseis e drones contra a Arábia Saudita desde que Washington incluiu o grupo em sua lista de grupos terroristas internacionais, em janeiro. Os houthis rejeitam a proposta saudita de cessar-fogo e exige a abertura do espaço aéreo e portos do Iêmen.

A guerra do Iêmen começou no final de 2014, após o grupo rebelde houthi, alinhado ao Irã, expulsar o governo da capital Sanaa. Uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita interveio a favor dos antigos governantes, acusados de corrupção pelos militantes de oposição.

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