Ottawa acusa caças chineses de interceptar aeronave canadense de forma ‘agressiva’

Jato militar teria ficado a apenas cinco metros de distância de uma aeronave de vigilância durante missão das Nações Unidas

Na segunda-feira (16), o ministro da Defesa do Canadá, Bill Blair, acusou a China de intimidação ao realizar uma interceptação perigosa de um avião de vigilância militar canadense. O chefe da pasta relatou à rede local Global News que, no mesmo dia, caças chineses abordaram de maneira “agressiva” uma aeronave da Força Aérea Real Canadense (RCAF, da sigla em inglês) enquanto esta sobrevoava o espaço aéreo internacional ao longo da costa chinesa.

Segundo o relato, um jato chinês com mísseis se aproximou a apenas cinco metros da aeronave canadense, distância considerada “crítica” por analistas militares. Repórteres da Rádio Canadá e da Global News estavam a bordo da patrulha marítima CP-140 Aurora, que cumpria uma missão da ONU (Organização das Nações Unidas) chamada Operação Neon, que monitora sanções contra a Coreia do Norte, particularmente situações de embarques ilegais de petróleo.

CP-140 Aurora, avião de patrulha marítima da RCAF (Foto: WikiCommons)

Durante a missão, que durou mais de oito horas, pelo menos dois jatos chineses abordaram repetidamente a aeronave canadense e lançaram sinalizadores. Essas interceptações, conforme o relatório das forças canadenses, aconteceram logo após a tripulação perder o contato com sua base devido a uma falha de comunicação do equipamento.

“Estou muito preocupado com a falta de profissionalismo na maneira como isso ocorreu”, afirmou Blair a repórteres em Ottawa. “Foi perigoso e imprudente. Tais comportamentos nunca são aceitáveis, e vamos comunicar isso à República Popular da China da maneira adequada.”

O major-general Iain Huddleston, que também estava a bordo, acrescentou que o incidente foi “inesperadamente agressivo” e desnecessário no contexto da missão em andamento.

Beijing se manifestou diante das acusações do governo canadense, alegando que a aeronave CP-140 invadiu o espaço aéreo reivindicado pela China, “desrespeitando sua soberania” e representando uma “ameaça à segurança nacional”.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, afirmou que o avião militar canadense viajou uma longa distância até as proximidades da China com a intenção de “provocar problemas”. Ele enfatizou que, frente à situação, Beijing agiu de acordo com as leis e regulamentos e acusou Ottawa de “disseminar informações falsas”.

Reincidência

Não é a primeira vez que o Canadá acusa a força aérea chinesa de conduzir manobras arriscadas próximas às suas aeronaves militares.

Em junho de 2022, por exemplo, o Canadá alegou que um de seus aviões militares foi intimidado pela aproximação de jatos chineses durante patrulha sobre o Mar da China Meridional. À época, Beijing alertou Ottawa para tomar cuidado com as “consequências graves” de qualquer “provocação arriscada”. 

Esse comportamento é conhecido como “zumbinagem”, gíria utilizada para descrever uma prática na aviação militar na qual uma aeronave voa muito próxima e rapidamente ao redor de outra. Em geral, isso é feito para intimidar, perturbar ou demonstrar superioridade sobre a aeronave alvo.

A crise diplomática entre Ottawa e Beijing tem piorado, com frequentes trocas mútuas de acusações envolvendo operações aéreas no Pacífico.

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