Tadjiquistão entra em alerta devido à tensão crescente no vizinho Afeganistão

Fronteira entre os dois países promete se tornar especialmente tensa conforme o Taleban conquista territórios no norte afegão

A incerteza instalada no Afeganistão em meio ao processo de retirada das forças dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deixa em estado de alerta o exército do Tadjiquistão. A fronteira entre os dois países promete se tornar especialmente tensa, conforme o Taleban conquista territórios no norte afegão e assume controle cada vez maior da região fronteiriça, informa a agência russa Sputnik.

A atual ofensiva permitiu ao Taleban assumir o controle de um terço dos mais de 400 distritos do Afeganistão, segundo a agência qatari Al Jazeera. A tendência é que a conquista de territórios continue, e as forças do governo estão acuadas especialmente na região norte do país. Sem alternativa, na segunda-feira (5), mais de mil soldados afegãos atravessaram a fronteira em busca de abrigo no Tadjiquistão.

Novos soldados do exército afegão, apresentados em 15 de março de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/Ministério de Defesa do Afeganistão)

“Levando em consideração o princípio da boa vizinhança e aderindo à posição de não interferência nos assuntos internos do Afeganistão, os militares das forças do governo afegão foram autorizados a entrar em território tadjique”, disse um comunicado do comitê de segurança nacional do país.

Embora o Taleban tenha afirmado que não pretende agir contra o Tadjiquistão, o exército do país está mobilizado. Uma reunião do departamento de defesa tadjique determinou que cerca de 20 mil homens sejam deslocados para cuidar da segurança fronteiriça.

Retirada de tropas

O presidente dos EUA, Joe Biden, em coletiva de imprensa na Casa Branca, disse na semana passada que a retirada dos EUA está “no caminho certo”, mas que algumas forças americanas ainda permanecerão no Afeganistão em setembro como parte de uma “redução racional [das tropas]”. Washington já retirou todo seu equipamento e pessoal da base militar de Bagram, o centro do poder militar do país no Oriente Médio.

Os jihadistas, por sua vez, têm dito constantemente que quaisquer soldados estrangeiros que permanecerem no país após o prazo estabelecido pelos EUA, 11 de setembro, serão considerados “forças de ocupação”. A ameaça vale especialmente para os militares turcos, que estão prestes a firmar um acordo para cuidar da segurança do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul.

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