O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que a quinta-feira (17) foi o segundo dia mais mortífero da guerra para as tropas da Rússia. Dados divulgados por Kiev, que carecem de verificação independente, apontam que 1.530 soldados russos perderam a vida durante esse período de 24 horas. Somente em 12 de maio foram anunciadas mais mortes, 1.740.
Ainda de acordo com os cálculos da Ucrânia, o total de russos mortos ou feridos no conflito até agora é de 675,8 mil. Tais números são semelhantes às estimativas de governos ocidentais citadas no mês passado pelo The Wall Street Journal, segundo o qual as tropas de Moscou tiveram até agora 200 mil mortos e 400 mil feridos.
Como Moscou não divulga estatísticas nem as comenta, o levantamento mais confiável é feito em parceria pela rede BBC e o site investigativo Mediazona. Os investigadores consideram apenas casos em que é possível identificar os combatentes pelo nome, e até 10 de outubro haviam conseguido registrar 72.899 russos mortos.

Embora nenhum dos dois governos cite números confiáveis, as baixas na guerra são elevadas a ponto de ambos adotarem medidas emergenciais para repor as perdas. Do lado russo, Putin assinou no início em setembro um decreto que determina a adição de 180 mil novos combatentes às Forças Armadas do país, elevando o efetivo para 1,5 milhão. A determinação passará a valer em dezembro.
Outra medida que expõe o tamanho do problema foi anunciada em julho: a oferta de um atraente prêmio financeiro aos cidadãos de Moscou dispostos a combater.
O governo da capital russa prometeu um bônus único de 1,9 milhão de rublos (R$ 111 mil em valores atuais) aos moscovitas que assinarem contrato com as Forças Armadas. Com os acréscimos previstos em lei, como salários e auxílios regionais, a quantia recebida por cada soldado pode chegar a 5,2 milhões de rublos (R$ 304 mil) no primeiro ano de serviço, segundo o jornal The Telegraph.
Outro efeito das baixas elevadas é o envelhecimento as tropas no campo de batalhas. O site independente Verstka afirma que Moscou vem recrutando cada vez mais pessoas na casa dos 50 anos, , uma medida que não apenas envelhece as Forças Armadas, mas compromete o desempenho no campo de batalhas.
Kiev enfrenta problema semelhante de escassez de combatentes e aprovou, em maio, um projeto de lei que permite às Forças Armadas convocar criminosos condenados para lutar. Um processo semelhante ao do Kremlin, embora na Rússia a medida permitia que quase todos os criminosos fossem libertados em troca do serviço militar.
Na Ucrânia há regras um pouco mais rígidas e não estão autorizados aqueles que foram sentenciados por crimes como homicídio doloso contra duas ou mais pessoas, violência sexual e crimes contra a segurança nacional.