Um grupo de agentes do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), do Irã, contratou assassinos de aluguel de um país doLeste Europeu para assassinar uma cidadã norte-americano em Nova York. Os detalhes da trama, ocorrida entre 2020 e 2023, foram revelados apenas nesta semana, com a divulgação de documentos antes confidenciais.
Os documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos EUA afirmam que quatro agentes do IRGC “contrataram membros de uma organização criminosa do Leste Europeu” para “assassinar uma cidadã americana de origem iraniana na cidade de Nova York que se opôs publicamente ao governo iraniano e que já foi alvo de conspirações semelhantes do governo iraniano”.

“A acusação de hoje deixa claro que o regime iraniano por anos esteve por trás de uma campanha violenta para perseguir, intimidar e organizar o assassinato de uma dissidente americana em solo americano por bravamente falar pelos direitos do povo iraniano”, disse o procurador-geral assistente Matthew G. Olsen. “O Departamento está comprometido em expor e responsabilizar aqueles em Teerã que acreditam que podem esconder suas mãos ao realizar tais atividades repreensíveis.”
Dois dos europeus acusados estão sob custódia nos EUA e aguardam julgamento, enquanto um terceiro suspeito foi extraditado pela República Tcheca para a Geórgia, onde também deve se sentar no banco dos réus. Já os iranianos que teriam orquestrado o plano são considerados “foragidos”.
A vítima é uma jornalista, autora e ativista que divulgou os abusos de direitos humanos e a supressão da liberdade de expressão atribuídos ao governo do Irã, inclusive em conexão com os protestos populares que ocorreram no país nos últimos anos.
Um plano mais amplo contra a jornalista teve início em 2020 e envolvia o sequestro dela de dentro dos Estados Unidos para entregá-la ao Irã, que queria silenciar as críticas dela ao regime. “Essa conspiração foi interrompida e exposta pelo FBI e levou ao registro de conspiração federal de sequestro e outras acusações”, diz o documento revelado nesta semana.
Depois, em 2022, como a primeira missão falhou, teve início a segunda etapa, que pretendia assassinar a jornalista. Um dos europeus encarregados de cometer o crime foi preso em julho daquele ano, de posse de um rifle de assalto e de munições que seriam usados no crime. Mais uma vez, no entanto, a trama prosseguiu até maio de 2023, quando os últimos suspeitos foram identificados.