O chefe do MI6, a agência de inteligência externa do Reino Unido, Richard Moore, criticou nesta sexta-feira (19) a atuação do presidente russo Vladimir Putin na guerra em andamento com a Ucrânia. Segundo Moore, Putin “abocanhou mais do que podia mastigar”, acreditando em uma vitória fácil que subestimou o espírito de resistência ucraniano. As informações são do The Guardian.
“Suas ações fortaleceram a identidade nacional da Ucrânia, aceleraram sua aproximação ao Ocidente e influenciaram a entrada da Suécia e da Finlândia na Otan”, afirmou Moore em cerimônia no Consulado Geral britânico em Istambul, antes de deixar o cargo de chefe de inteligência.

Moore destacou o papel do Reino Unido no apoio à Ucrânia, tanto na defesa quanto na manutenção de princípios vitais para a paz e segurança globais. Ele elogiou o presidente Volodymyr Zelensky, ressaltando sua determinação e resiliência desde os primeiros dias de sua carreira política.
“A guerra trouxe níveis de destruição e mortes nunca vistos na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com civis sendo alvo de ataques calculados. Recentemente, a Rússia intensificou ainda mais seus ataques a alvos civis”, afirmou.
Putin desinteressado em paz
O chefe do MI6 afirmou não ter observado qualquer intenção de Putin de negociar de forma genuína, a menos que as conversas levassem à rendição total da Ucrânia.
“Ele nos engana, porque a questão sempre foi a soberania. Putin nega a existência da Ucrânia como país e nação”, disse Moore, destacando também a repressão interna à dissidência, como exemplificado por Alexei Navalny.
MI6: modernização e colaboração global
Moore ressaltou a importância da modernização do MI6, enfatizando parcerias tecnológicas e maior transparência pública. Ele destacou avanços na diversidade, mas reconheceu que mulheres e minorias étnicas ainda estão sub-representadas, sendo a tecnologia uma área prioritária de investimento.
“O MI6 precisa ser mais aberto para permanecer eficaz. Confiança, verdade e espionagem são componentes-chave no maior desafio enfrentado pelo nosso serviço e pelo país”, afirmou.
Turquia: papel estratégico
Moore também destacou a relevância da Turquia na geopolítica global. Segundo ele, Ancara é “um parceiro crítico e significativo” e tem se alinhado com os objetivos do Reino Unido de manter regiões como o Cáucaso e a Ásia Central estáveis.
“A Turquia apoia a soberania e independência da Ucrânia, luta contra o Estado Islâmico (EI) e contribui para a estabilidade na Síria, além de reforçar esforços internacionais de contraterrorismo”, disse Moore.