O jornalista e ativista Omar Radi, preso pelo governo do Marrocos por espionagem e outras acusações em julho, já era alvo de uma perseguição política, denunciou a organização HRW (Human Rights Watch).
Preso em julho, Radi pode ficar até dez anos na prisão. O julgamento começou no dia 22 de setembro e ainda não há data para um veredicto.
De acordo com o governo marroquino, as únicas evidências para a “espionagem” do jornalista são reportagens que produziu como correspondente em vários meios de comunicação do Marrocos e do exterior. Radi nega todas as acusações, sobre as quais não há provas.
O jornalista já foi preso outras duas vezes. A primeira ordem de prisão veio em dezembro de 2019, após criticar um juiz no Twitter. Em julho deste ano, foi detido por suposto “perigo de dano à ordem pública”.
Desde então, a polícia marroquina estabeleceu sessões de interrogatório de seis a nove horas sobre várias acusações distintas – a maioria infundadas.
“Apresentar acusações falsas contra jornalistas críticos é claramente parte do manual do governo marroquino para sufocar a dissidência”, disse o diretor interino da HRW no Oriente Médio, Eric Goldstein.
“As acusações de espionagem e uma cascata de outras acusações parecem planejadas para derrubar Omar Radi”, afirma Goldstein.
Crimes sexuais com viés político
Além de espionagem, Radi responde a diversas acusações que vão desde embriaguez, perturbação pública e estupro.
A polícia marroquina já condenou outros jornalistas e ativistas antes por supostos crimes sexuais. Com penas altas, as acusações vão desde sexo fora do casamento a agressão sexual.
“Muitas dessas denúncias têm motivos políticos e não há qualquer processo ou investigação para as partes”, diz o relatório da HRW.