Mesmo rivais, a base governista e o Parlamento rival da Líbia decidiram, na sexta (21), cessar-fogo e desmilitarizar a cidade de Sirte, no leste do país, reportou a Associated Press.
O avanço foi oficialmente retomado em junho e é consequência da pressão internacional que temia uma nova escalada de violência no local.
Sirte é reivindicada pelo reconhecido governo líbio e as forças leais ao general renegado Khalifa Haftar. A cidade é porta de entrada para os principais terminais de exportação de petróleo da Líbia está sob controle de Haftar desde janeiro.
O porta-voz das forças de Haftar, Ahmed al-Mismari, classificou o cessar-fogo como uma “peça de marketing”. “Há aumento do número de homens e transferência de equipamentos para atacar nosso exército em Sirte.”
Após a decisão, a ONU (Organização das Nações Unidas) já instou a Comissão Militar Conjunta a aceitar rapidamente o pedido de retirada de tropas, informou o porta-voz Stephane Dujarric, na sexta (21).
Colapso líbio
Neste domingo, manifestantes tomaram a capital Trípoli contra o colapso dos serviços públicos no país, informou a Reuters. Pessoas carregavam consigo bandeiras que representavam as forças as quais apoiavam.
A Líbia vive uma guerra civil desde a derrubada do ditador Muammar Qaddafi, em 2011. A nação está divididaentre as regiões da Cirenaica, no leste e controlada por Haftar, e Tripolitânia, no oeste, nas mãos do governo internacionalmente reconhecido.
Grupos armados e governos estrangeiros distintos apoiam as duas forças. Haftar tem apoio dos Emirados Árabes, do Egito e da Rússia. Já as forças que dominam a capital Trípoli recebem recursos ocidentais e da ONU.
Na conferência de líderes mundiais em Berlim, em janeiro, os países com interesses na guerra civil da Líbia concordaram em suspender o apoio às partes em conflito.
Além de Sirte, o premiê da Líbia, Fayez Sarraj, também apelou pelo cessar-fogo e desmilitarização do distrito de Jufra, no centro do país. O Parlamento rival não acatou o pedido.
“Um cessar-fogo bloqueia o caminho para intervenções militares estrangeiras e termina com a expulsão de mercenários e a dissolução das milícias a fim de alcançar uma soberania nacional abrangente”, disse o presidente do Parlamento, Aguila Saleh, que também pediu que Sirte seja sede temporária do governo.