Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
Chuvas torrenciais e inundações mortais afetaram mais de dois milhões de pessoas em diversas áreas da Somália, com mais de cem mortos e 750 mil deslocados das suas casas, afirmaram na quinta-feira (30) as autoridades e parceiros humanitários na capital Mogadíscio.
A crise começou com o início da estação chuvosa de Deyr, em outubro, e surge seis meses depois de o país ter saído de uma seca histórica que o levou à beira da fome generalizada.
“Os recorrentes choques climáticos, a insegurança generalizada e a pobreza galopante levaram o povo da Somália ao ponto de ruptura”, afirmou George Conway, representante especial adjunto da ONU e coordenador residente e humanitário.
Devastação ‘dolorosa’
As fortes chuvas e inundações em curso deverão inundar pelo menos 1,5 milhão de hectares de terras agrícolas até dezembro.
Milhares de pessoas perderam o acesso aos mercados e ao abastecimento ou foram abandonadas em aldeias isoladas.
Estradas, pontes e outras infraestruturas foram amplamente danificadas, enquanto instalações vitais, como hospitais e escolas, foram fechadas, e o risco de cólera aumentou.
Nimo Hassan, diretor de um consórcio de ONGs somalis, descreveu a devastação como dolorosa.
“As inundações reforçaram a necessidade urgente de soluções sustentáveis e de preparação para catástrofes”, afirmou.
Resgate e alívio
Até agora, as autoridades somalis e os parceiros alcançaram com assistência cerca de 820 mil pessoas afetadas, mas as necessidades aumentam rapidamente à medida que as inundações se espalham por todo o país.
“A prioridade neste momento é resgatar famílias abandonadas e fornecer ajuda humanitária imediata às vítimas”, disse Mahamud Moallim, comissário da Agência de Gestão de Catástrofes da Somália.
A situação está evoluindo à medida que milhões de somalis continuam lutando contra a fome e a subnutrição, com cerca de 1,5 milhão de crianças com menos de cinco anos a enfrentarem subnutrição aguda entre Agosto e Julho próximo.
Os humanitários alertam que não serão capazes de satisfazer as necessidades actuais e emergentes sem recursos adicionais. Um plano de US$ 2,6 bilhões para apoiar 7,6 milhões de pessoas este ano é financiado apenas em 42%.