Ataque de homens armados mata três estudantes e uma professora em Camarões

Vítimas fatais são três estudantes, de 12, 16 e 17 anos, e uma professora de francês, em meio ao violento conflito separatista que divide o país

Homens armados atacaram uma escola bilíngue e mataram quatro pessoas na cidade de Ekondo Titi, província Sudoeste de Camarões, na quarta-feira (24). As vítimas fatais são três estudantes, de 12, 16 e 17 anos, e uma professora de francês, segundo a agência catari Al Jazeera.

A ONG Centro para Direitos Humanos e Democracia na África (CHRDA, na sigla em inglês) denunciou o ataque, que também deixou feridos. As vítimas fatais foram identificadas: Emmanuel Orume, Joyceline Iken, Kum Emmanuel, os três alunos, e Song Celestina Fien, a professora.

Os agressores usaram uma bomba para derrubar a parede da escola antes de dispararem suas armas, e outros estudantes teriam sido levados como reféns, segundo o site Mimi Mefo Info.

Suspeita-se que o ataque esteja ligado às recentes declarações de Christopher Anu, porta-voz de uma das facções separatistas camaronesas, que pediu o fechamento total das escolas nas regiões de língua inglesa.

Ekondo Titi fica na região Sudoeste, onde se fala principalmente a língua inglesa. Por lá, a violência divide a população em uma disputa que se intensificou há quase cinco anos e não tem qualquer resolução em vista.

O episódio é mais um no violento conflito separatista que opõe francófonos e anglófonos, que tomou o país há quase cinco anos. No começo do mês, em uma ação semelhante à desta quarta, 11 estudantes ficaram feridos quando uma bomba foi jogada em uma universidade.

Escola atacada por grupos separatistas na província Sudoeste de Camarões (Foto: reprodução/Twitter)

Por que isso importa?

A crise em Camarões começou em 2016, quando professores e advogados tomaram as ruas para protestar contra o domínio do francês nos tribunais e nas escolas de língua inglesa. A greve ganhou corpo rapidamente, e em novembro uma boa parte da população já pedia por reformas políticas. De lá para cá, a barreira do idioma separou o país de 25 milhões de habitantes.

Os grupos separatistas anglófonos ganharam força, e a violência teve escalada rápida mesmo com a pandemia de Cvid-19. Os conflitos se concentram nas províncias Noroeste e Sudoeste, com acusações mútuas de assassinatos de civis. Mais de 3,5 mil pessoas morreram desde então, e ao menos 700 mil foram forçadas a deixar suas casas.

O Ministério da Defesa acusa “a existência de ligações e trocas de armamentos sofisticados” entre “terroristas separatistas” e “outras entidades terroristas que operam além das fronteiras”, incluindo grupos extremistas islâmicos.

Sem sucesso nas tentativas de firmar um acordo de paz com os combatentes, o presidente Paul Biya, há 38 anos no poder, já pediu ajuda à União Europeia (UE) e aos Estados Unidos.

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