Ataques de grupos armados deslocam mais de cem mil na República Democrática do Congo

Desde o início de março, o grupo rebelde ADF teria matado pelo menos 97 civis no território de Beni, província de Kivu do Norte

Mais de cem mil pessoas foram deslocadas e dezenas mortas, após uma série de ataques de grupos armados na província de Kivu do Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC), informou a ONU na quarta-feira (15).

Citando fontes humanitárias, o porta-voz da ONU (Organização das Nações Unidas), Stéphane Dujarric, disse que mais de 50 mil pessoas deslocadas da cidade de Rutshuru encontraram segurança em Kibirizi. E cerca de 55 mil pessoas do território de Masisisi fugiram para aldeias próximas, bem como para a capital regional, Goma, e para Minova, na província vizinha de Kivu do Sul.

As forças de paz da Missão de Estabilização da ONU, a Monusco, abrigaram 95 crianças em sua base na cidade oriental de Sake, incluindo 50 crianças de um orfanato.

“Isso aconteceu após confrontos de fim de semana nesta área entre as forças de defesa congolesas e o grupo armado M23 (Movimento 23 de Março)”, disse Dujarric.

Quatro civis morreram durante os combates e pelo menos cinco outros ficaram feridos. Os soldados da paz forneceram assistência médica aos feridos em sua base, evacuando-os posteriormente para Goma. As crianças também foram transferidas para um centro infantil na cidade. 

Tropas de paz da Missão das Nações Unidas na RD Congo, Monusco, patrulham Ituri (Foto: Monusco)
Apoio a pessoas deslocadas

Desde o início de março, o grupo rebelde ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês) teria matado pelo menos 97 civis no território de Beni, província de Kivu do Norte, segundo a Monusco.

Dujarric disse qu,e devido às operações conjuntas em curso entre as forças de defesa ugandenses e congolesas, as forças de manutenção da paz não têm acesso à área ao sul de Beni, onde os supostos membros das ADF perpetraram os ataques.  

“Nós, juntamente com nossos parceiros humanitários, estamos fornecendo apoio de saúde, educação, alimentos, água e saneamento, entre outros serviços muito necessários para milhares de pessoas em Beni e arredores. Também estamos trabalhando para ampliar nossa resposta”, disse ele.

No ano passado, a violência contínua afetou a educação de mais de 600 mil crianças em Kivu do Norte. Também desalojou mais de 800 mil pessoas em um país onde mais de seis milhões estão deslocados internamente.

Conselho de Segurança no terreno

No fim de semana passado, os embaixadores do Conselho de Segurança da ONU visitaram a RDC, passando um tempo realizando reuniões na capital e depois viajando para Goma, no leste, onde também visitaram uma base da Monusco na região, segundo informações da imprensa.

O objetivo da visita era obter uma melhor compreensão da situação humanitária e de segurança em Kivu do Norte e das atividades dos muitos grupos armados que operam lá, bem como ser informado sobre os abusos dos direitos humanos e a exploração ilegal de recursos naturais, que exacerbaram a insegurança e os conflitos.

Enquanto isso, em Goma, os membros do Conselho prestaram homenagem aos soldados de paz da Monusco que perderam suas vidas no cumprimento do dever, em um evento no qual o representante especial da ONU Bintou Keita, que também dirige a Monusco, fez comentários.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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