A quarentena causada pelo surto do novo coronavírus deixou milhares de catadores de lixo itinerantes na África do Sul sem emprego e, portanto, sem meios para sustentar suas famílias, aponta a agência de notícias Reuters.
As restrições começaram a ser impostas pelo governo do presidente Cyril Ramaphosa no dia 20 de março e deve durar, pelo menos, até 30 deste mês.
As medidas na África do Sul são das mais duras do mundo e proíbe, qualquer pessoa que não trabalhe em um serviço considerado essencial a sair de casa, exceto para ir ao médico ou ao mercado.
Catadores de lixo municipais foram considerados pelo governo como trabalhadores essenciais. No entanto, os catadores itinerantes, que percorrem as ruas da capital sul-africana, Joanesburgo, ficaram de fora da medida.
Um relatório de 2015 do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul apontou que o país tinha mais de 90 mil catadores de lixo. Esses trabalhadores eram responsáveis pela coleta de até 90% dos papéis e embalagens reciclados na África do Sul, gerando uma economia de US$ 39,5 milhões para o governo.
Trabalhadores informais
Durante a pandemia do novo coronavírus, os trabalhadores informais são um dos grupos que sofreram maior impacto. Assim como os catadores de lixo na África, condutores de riquixás em Bangladesh têm sofrido para colocar comida na mesa.
São cerca de um milhão de condutores em todo o país, que tem nesses veículos suas únicas fontes de renda familiar. Com as medidas de isolamento, falta trabalho para eles.
De acordo com informações da OMS (Organização Mundial da Saúde), até esta quinta (23), o país de 161 milhões de habitantes tinha 4.186 casos confirmados do novo coronavírus. Ao todo, foram registradas 127 mortes.
Já na África do Sul, o número de casos é de 3.953, de acordo com dados da OMS desta sexta (24). O país registra 75 mortes.