Crianças desnutridas lutam por suas vidas no nordeste da Nigéria, diz ONU

Fome severa atinge 4,3 milhões de pessoas nos estados nigerianos de Borno, Adamawa e Yobe, entre elas 700 mil menores

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Enquanto milhões passam fome, a vida de crianças está em risco no nordeste da Nigéria, em meio a um conflito prolongado e à intensificação das mudanças climáticas. Diante disso, a resposta humanitária da ONU na região é subfinanciada, disseram humanitários a jornalistas em Genebra na quarta-feira. 

principal funcionário humanitário da ONU no país, Matthias Schmale, informou que a fome severa atinge 4,3 milhões de pessoas nos estados nigerianos de Borno, Adamawa e Yobe. O número de crianças menores de cinco anos em risco de desnutrição aguda grave com risco de vida dobrou em um ano, chegando a 700 mil.

Família afetada pelas inundações na Nigéria, outubro de 2022 (Foto: Andrew Esiebo/Unicef)

“Estive várias vezes em Borno e nos outros dois Estados. Vi mães lutando pela vida de seus filhos desnutridos em centros de estabilização nutricional”, disse Schmale ao descrever a situação na região, acrescentando que as crianças com quem ele falou reclamaram de estar com fome por dias. 

“Aqueles de nós que são pais devem imaginar como é quando você não pode garantir que seus filhos tenham o suficiente para comer”, enfatizou.

A situação “catastrófica” é principalmente o resultado de mais de uma década de insegurança ligada a grupos armados não estatais, que impedem as pessoas de cultivar e obter renda com a terra, disse Schmale.

Outro fator prejudicial são as mudanças climáticas e os impactos climáticos extremos. No ano passado ocorreram as piores inundações em dez anos na Nigéria, que afetaram mais de 4,4 milhões de pessoas em todo o país, não apenas no nordeste.

O aumento dos preços dos alimentos, combustível e fertilizantes exacerbou a crise, e a resposta continua gravemente subfinanciada. O funcionário da ONU (Organização das Nações Unidas) disse que, do US$ 1,3 bilhão em fundos humanitários necessários para a região, apenas 25% foi garantido até agora. 

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