Crise climática deslocou número recorde de crianças na África Subsaariana

Relatório da ONG Save The Children indica que pelo menos 1,85 milhão de crianças na região tiveram que deixar suas casas

O número de crianças deslocadas devido a catástrofes induzidas pelo clima quase dobrou em 2022 na África Subsaariana, atingindo um recorde histórico. É o que aponta um relatório publicado na segunda-feira (4) pela ONG Save the Children.

Dados coletados pelo Centro de Monitorização dos Deslocados Internos apontam que pelo menos 1,85 milhão de crianças na região tiveram que deixar suas casas, em comparação com cerca de um milhão de casos registrados em 2021.

“Algumas destas crianças foram deslocadas várias vezes, enquanto outras apenas uma vez, mas todas permaneceram deslocadas de casa no final do ano, vivendo em campos, com familiares distantes ou em outros regimes temporários”, diz o documento.

Deslocados no campo de refugiados de Mopti, no Mali, em 2019 (Foto: UN Photo/Marco Dormino)

A campeã de deslocamentos pelo clima foi a Nigéria, que sofreu com as inundações e registrou um total de 2,4 milhões de casos, incluídos aí adultos e crianças. No final de 2022, pelo menos 854 mil pessoas continuavam deslocadas no país, incluindo cerca de 427 mil crianças.

Já na Somália o problema maior é a seca, após cinco estações de chuva abaixo da média. Por lá, 6,6 milhões de pessoas, ou 39% da população nacional, atingiram níveis críticos de fome no ano passado, levando 1,1 milhão de pessoas a deixarem suas casas.

Considerando também os adultos, a África Subsaariana teve 7,4 milhões de novos deslocamentos internos em 2022, quase três vezes mais que os 2,6 milhões de 2021.

“Este é o maior número anual de novos deslocamentos devido a catástrofes climáticas jamais registado na região, à medida que os impactos dos choques climáticos consecutivos começaram a se fazer sentir, e tanto a resiliência da terra quanto os mecanismos de resposta das comunidades se esgotaram”, afirma a Save The Children.

E a previsão para 2023 é pessimista, conforme se instala o El Niño. A projeção para este ano é de fenômenos meteorológicos ainda mais extremos, inclusive com o aumento ainda maior da temperatura global, o que deve levar a um novo recorde de deslocamentos, inclusive para as crianças.

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