Mais de 535 mil crianças com menos de cinco anos sofrem de desnutrição aguda em Burkina Faso, recorde na história do país da África ocidental. O dado é de relatório publicado nesta terça (8) pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
A baixa nutrição aumenta a chance de morte em nove vezes, na comparação com crianças que comem bem, informou a agência da ONU (Organização das Nações Unidas).
Burkina Faso tem mais de um milhão de deslocados internos, dos quais 60% são crianças. Estima-se que 3,3 milhões sofrem de insegurança alimentar aguda no país africano, de 19,7 milhões de habitantes.
A pesquisa aponta que a cidade de Gorom-Gorom, na região do Sahel, e o campo de refugiados de Barsalogho são os mais afetados pela desnutrição infantil. As taxas alcançam 18,4% e 16,1%, respectivamente. O limite de emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 15%.
Nas comunidades Dori, Gorgadji, Bourzanga e Fada N’Gourma, a prevalência é de 12,5% a 13,6%. Um impacto menor, mas ainda significativo, é registrado em Kongoussi, Ouahigouya, Kaya e Matiacoali, com índices de 8,6% a 9,6%.
Razões da desnutrição
A pandemia da Covid-19 e os deslocamentos forçados pela violência intensificaram a desnutrição. Burkina Faso vive a crise humanitária que mais cresce no mundo, segundo a ONU.
A estimativa é que 5% da população já tenha se deslocado após ataques de grupos armados no norte e leste do país.
“Os fatores agravantes para a deterioração da situação nutricional estão ligados ao deslocamento das populações devido à insegurança, acesso reduzido aos meios de subsistência e aos cuidados de saúde e nutrição”, disse James Mugaju, representante adjunto da Unicef em Burkina Faso.
Agora, a Unicef recruta profissionais da saúde para tratar as crianças desnutridas nas comunidades mais afetadas. Desde janeiro de 2020, 51 mil crianças com desnutrição grave foram medicadas no país.