Escassez generalizada de alimentos ameaça milhões de pessoas na RD Congo

Confrontos armados e violência interrompem atividades agrícolas, aumentando a insegurança alimentar no país

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A instabilidade política e os conflitos na República Democrática do Congo debilitaram os sistemas de produção e distribuição alimentar. A afirmação é do diretor nacional do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Peter Musoko.

Falando a jornalistas de Kinshasa, capital da RD Congo, ele enfatizou que 1,5 milhão de pessoas enfrentam “níveis emergenciais de insegurança alimentar nas províncias de Ituri, Kivu do Norte e do Sul”, localizadas no leste do país. 

Musoko afirmou que “agricultores nessa região estão enfrentando constantes ameaças de violência”, o que está levando o país a uma “enorme crise alimentar”. 

Congolesa carrega o filho em Kamako, próximo à fronteira com Angola (Foto: WikiCommons)

Os principais motivos são o deslocamento de pessoas, a destruição da infraestrutura e a interrupção das atividades agrícolas. Segundo ele, a combinação desses fatores está levando “à escassez generalizada de alimentos” e ao aumento da vulnerabilidade à fome.

Cerca de 6,3 milhões de pessoas estão deslocadas internamente no país. Desse total, aproximadamente seis milhões vivem nas três províncias orientais. 

De acordo com Musoko, o conflito no leste da RD Congo é uma crise que causa impactos na insegurança alimentar, na desnutrição, na saúde, na educação, no acesso à água potável e ao abrigo.

Falta de financiamento

A desnutrição afeta 4,4 milhões de pessoas, enquanto a falta de acesso a serviços essenciais piorou a proteção de civis e potencializou a violência de gênero.

O diretor nacional do PMA lamenta que, apesar de ter ajudado cerca de 1,2 milhão de pessoas em julho, a agência recebeu financiamento limitado.

Cerca de 78% dos recursos necessários para os próximos seis meses ainda não foram recebidos. Na prática, o PMA precisa de US$ 728 milhões, mas a lacuna de financiamento para atuar na região leste é de US$ 567 milhões. 

Musoko afirmou que “o custo da falta de ação tem consequências incalculáveis para as pessoas.” Ele disse que a RD Congo precisa de atenção e apoio imediatos “para evitar uma catástrofe humanitária.” 

O diretor nacional do PMA pediu a “atenção imediata” de governos, doadores e parceiros humanitários para este momento de necessidade.

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