EUA adotam plano de contenção para o caso de o Ebola cruzar o Atlântico

Autoridade norte-americana diz que "pode ser apenas uma questão de tempo" até que a doença atinja os norte-americanos

O surto de Ebola em Uganda, que até o início de novembro havia matado 53 pessoas, é motivo de preocupação também nos EUA. Embora nenhum caso tenha sido identificado no país até agora, as autoridades de saúde locais já estabeleceram um protocolo de contenção, preparando-se a para a possibilidade de o vírus cruzar o Oceano Atlântico. As informações são da rede CNN.

O principal foco de atenção do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA são os aeroportos onde há desembarque de passageiros provenientes de Uganda. Neles, foram realizados exercícios para treinar o gerenciamento de casos suspeitos.

Segundo Lori Tremmel Freeman, diretora executiva da Associação Nacional de Oficiais de Saúde de Condados e Cidades, conforme se estende o surto de Ebola em Uganda, sem a perspectiva imediata de que seja controlado, cresce também a probabilidade de que a doença atinja os norte-americanos.

“Pode ser apenas uma questão de tempo”, disse ela. “É por isso que cada minuto agora está sendo gasto para aumentar a preparação e a resposta em antecipação à ocorrência desse único evento. Mas, quanto mais colocarmos nosso tempo e esforço nesta fase da crise, melhor estaremos quando conseguirmos o primeiro caso.”

Todos os voos provenientes do país africano têm sido direcionados para cinco aeroportos norte-americanos, em Nova York, Newark, Atlanta, Chicago e Washington. Neles, uma triagem vem sendo feita nos passageiros, e hospitais regionais foram orientados a adotar medidas para lidar com eventuais casos.

Surto de Ebola em Guiné, abril de 2014: doença volta a assombrar os africanos (Foto: Flickr)
Lockdown em Uganda

Na semana passada, devido ao surto, o governo ugandense resolveu encerrar o ano letivo duas semanas mais cedo, em dia 25 de novembro. Segundo Janet Kataha Museveni, ministra da Educação, a decisão foi tomada porque o acúmulo de alunos em sala de aula faz crescer o risco de contaminação.

Antes, no dia 17 de outubro, o presidente Yoweri Museveni havia anunciado um lockdown nos distritos de Mubende e Kassanda, regiões onde o surto estava mais concentrado. Inicialmente, os fechamentos durariam três semanas, mas foram prorrogados porque a doença não foi controlada.

Durante o lockdown, bares, discotecas, locais de culto e de entretenimento ficam fechados, e as entradas e saídas de cidadãos são proibidas. Até o início do mês, quando foi divulgado o balanço mais recente, o governo havia registrado 135 casos, com 53 mortes. Já a OMS (Organização Mundial de Saúde) listava 64 casos fatais à época.

Vacinas ineficazes

Um dos problemas do atual surto de Ebola reside no fato de que as vacinas tendem a ser ineficazes contra a cepa do Sudão que atinge a população ugandense. O problema já havia sido identificado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no final de setembro, e desde então os casos aumentaram.

As vacinas existentes contra o Ebola provaram ser eficazes contra a cepa do Zaire, mas não está claro se são bem-sucedidas contra a cepa do Sudão, disse a OMS em comunicado. Outra vacina produzida pela empresa farmacêutica Johnson and Johnson pode ser eficaz, mas ainda não foi testada.

O Ebola é uma doença grave, muitas vezes fatal, que afeta humanos e outros primatas. Tem seis cepas diferentes, três das quais – Bundibugyo, Sudão e Zaire – já causaram grandes surtos.

As taxas de letalidade da cepa do Sudão variaram de 41% a 100% em surtos anteriores, sendo inferiores às da cepa do Zaire, que é também mais transmissível. A implantação precoce do tratamento de suporte mostrou reduzir significativamente as mortes, disse a OMS.

É a primeira vez em mais de uma década que a cepa sudanesa é encontrada em Uganda, que também viu um surto da cepa do Zaire do vírus Ebola em 2019.

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