Falta de alimentos atinge ‘ponto crítico’ e ameaça centenas de milhares de vidas na Somália

Agências preveem que a situação persista até março de 2023 “se a ajuda humanitária não for aumentada de forma significativa e imediata”.

Com a atual situação de insegurança alimentar, “a Somália atingiu um ponto crítico”. A análise consta de uma declaração conjunta divulgada na terça-feira (6) por um grupo de agências de auxílio, que chama a atenção global para o “risco imediato” à vida de centenas de milhares de pessoas no país africano.

O Comitê Permanente Interagências da ONU (Organização das Nações Unidas) destaca que análises de segurança alimentar e nutricional mais recentes elevaram o alerta. E ressalta que a fome predomina na região centro-sul da região de Bay, cobrindo os distritos de Baidoa e Burhakaba.

As agências preveem que a situação persista até março de 2023 “se a ajuda humanitária não for aumentada de forma significativa e imediata”.

Na segunda-feira (5), o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, disse que “a fome está batendo à porta” do país do Chifre da África.

Família somali, na cidade de Belet Weyne (Foto: Ilyas Ahmed/UN Photo)

Quase metade da população somali enfrenta fome severa e as entregas de alimentos foram impedidas por conflitos, deslocamentos em massa e a crescente ameaça do Al-Shabaab, grupo extremista islâmico vinculado à Al-Qaeda.

Com a fome e as mortes ocorrendo, as agências lembram os efeitos da crise de 2011. Na época, cerca de 50% dos 250 mil afetados morreram. Destas, pelo menos metade eram crianças. Somente a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) na Somália, precisa urgentemente de cerca de US$ 270 milhões para ajudar 1,8 milhão de pessoas em 52 distritos

O Comitê Permanente Interagências destaca que a janela de oportunidade para evitar a fome na Somália está se fechando. Já o Unicef (Fundo da ONU para a Infância) ressalta que a situação crítica anunciada para Bay ocorrerá em outubro e dezembro.

A agência aponta que um cenário similar ao de 2011 foi evitado em 2017, porque “sistemas de alerta precoce entraram em ação”. Com isso, os doadores canalizaram a ajuda de forma mais rápida, as instituições governamentais eram mais sólidas e havia mais organizações operacionais no local.

Além da região do sul, mais 74 distritos estão gravemente afetados em todo o país. A prioridade vai para 12 locais que precisam de apoio urgente.

A situação que  atinge 1,5 milhão de crianças é considerada “uma crise de desnutrição”. O Unicef estima que metade da população com menos de cinco anos provavelmente enfrentará desnutrição aguda. Entre estas vítimas, 385 mil precisarão de tratamento para desnutrição aguda grave. Os números são considerados inéditos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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