Fortes chuvas deixam mais de 350 pessoas mortas em países da África Oriental

Mudanças climáticas mudam padrão das chuvas, elevam temperaturas, geram deslocamentos e ameaçam a infraestrutura e a economia

Chuvas torrenciais e inundações atingiram a África Oriental, deixando um rastro de mais de 350 mortes e tirando mais de um milhão de pessoas de suas casas na Somália, no Quênia, na Etiópia e na Tanzânia. As alterações climáticas têm desencadeado crises humanitárias na região, incluindo fome e deslocamento populacional, segundo informações da rede CNN.

No Quênia, pelo menos 136 pessoas morreram e meio milhão foram deslocadas devido às chuvas persistentes que afetaram 38 dos 47 condados, resultando em inundações e deslizamentos de terra. O nordeste e a costa leste do país foram as áreas mais afetadas, causando danos significativos a residências e infraestruturas, inclusive interrompendo os serviços ferroviários de carga do porto de Mombaça.

As fortes chuvas, causadas principalmente pelo El Niño, que ocorre no Oceano Pacífico, ao longo do equador, devem continuar no próximo ano, conforme previsto pelo Departamento Meteorológico do Quênia.

Comunidade carente em Nairóbi, no Quênia, durante inundação em março de 2023 (Foto: WikiCommons)

O fenômeno climático influencia o clima global, causando impactos significativos em várias regiões do mundo. Ele é conhecido por desencadear condições climáticas extremas, como chuvas intensas, inundações, deslizamentos de terra e secas prolongadas, dependendo da localização geográfica. Na África Oriental, o El Niño muitas vezes está associado a graves inundações, enquanto em outras regiões, como no norte e sul do continente africano, pode resultar em períodos prolongados de seca severa.

O presidente queniano William Ruto ativou o Centro Nacional de Operações de Desastres para responder a emergências. Nesta quinta-feira (7), o Ministério do Interior anunciou a previsão de menos chuvas no norte do país nesta semana.

Em uma fala na COP28 em Dubai na última sexta-feira, Ruto enfatizou a devastação causada pelas mudanças climáticas, particularmente em relação às chuvas catastróficas. Segundo ele, a situação na região do Chifre da África, assim como em muitos outros países em desenvolvimento, “mostra a dura realidade das alterações climáticas”.

Segundo a agência humanitária das Nações Unidas (Ocha), o número de mortos devido a inundações aumentou para 110 na Somália e 57 na Etiópia.

No norte da Tanzânia, as autoridades informaram que 49 pessoas perderam a vida em decorrência de inundações e deslizamentos de terra causados por fortes chuvas na província de Manyara. A governadora de Manyara, Rainha Sendiga, afirmou na segunda-feira que até 85 pessoas ficaram feridas, conforme relatado pela mídia estatal.

Surtos de doenças transmitidas pela água, como cólera e diarreia aquosa aguda, aumentaram devido a danos em latrinas e à falta de acesso a água potável, conforme relatado por agências humanitárias.

Os esforços de socorro para levar alimentos, água potável e assistência médica às áreas mais impactadas foram prejudicados por estradas danificadas e intransitáveis, conforme informado pelo Comitê Internacional de Resgate (IRC, da sigla em inglês).

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