Ao menos 111 pessoas morreram e cerca de 770 mil foram deslocadas devido às fortes chuvas causadas pelo fenômeno meteorológico El Niño nas últimas semanas no Chifre da África. Entre as vítimas fatais estão 16 crianças, segundo informações da ONG Save The Children.
No Quênia, um dos países mais afetados pelas tempestades, 46 pessoas morreram e cerca de 36 mil tiveram que deixar suas casas. Na Somália e na Etiópia, o aumento do nível das águas do rio Shabelle forçou 250 mil pessoa a se deslocarem.
“As inundações são o mais recente de uma série de eventos climáticos extremos que nos últimos anos atingiram o Chifre de África, onde as crianças e as comunidades se encontram no extremo da crise climática global”, diz a ONG.
Diante do problema, a Save The Children pediu uma intervenção nacional e internacional para ajudar as três nações. A entidade alega que as chuvas forçaram muitas famílias a se retirarem para terras mais altas, onde não têm condições de subsistência adequadas e dependem de ajuda humanitária.
“Apelamos a uma ação urgente para ajudar as comunidades a responder e a proteger melhor a vida das crianças e a reduzir o impacto a longo prazo. Embora as crianças sejam as mais vulneráveis a crises como estas, são também extremamente resilientes. Com o apoio certo, dado no momento certo, podem superar até os desafios mais inimagináveis”, disse o diretor nacional da Save the Children para a Somália, Mohamud Mohamed Hassan.
No início da semana, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) já havia alertado que o El Niño entrou em sua fase mais acentuada em novembro, com 90% de probabilidade de que o evento climático como um todo só termine em abril de 2024.
Álvaro Silva, especialista em clima da agência, explicou que, neste momento de pico, entre novembro e janeiro, é provável que o fenômeno seja mesmo de forte intensidade. O impacto é ainda mais grave devido ao aquecimento induzido pela emissão de gases poluentes na atmosfera.
Em relação a desastres e eventos extremos que podem ocorrer nos próximos meses, Silva destacou chuvas fortes e inundações, secas intensas e calor extremo. Segundo ele, a África é justamente o continente que mais sofre com as “precipitações acima do normal”, registradas ainda nas bacias dos rios Paraná e La Plata, na América do Sul, o sudeste da América do Norte e partes da Ásia Central e Oriental.