Justiça da Tunísia alega ameaça à segurança ao sentenciar oposicionistas e jornalista

Ao suspender o parlamento, alterar a Constituição e prender críticos, presidente Kais Saied é acusado de consolidar o autoritarismo

A Tunísia enfrenta um novo capítulo de tensão política, após as condenações judiciais de figuras da oposição e de uma jornalista que geraram forte reação de partidos e entidades civis. Entre os sentenciados está Rached Ghannouchi, de 83 anos, líder do partido Ennahda e ex-presidente da Assembleia, que recebeu 22 anos de prisão. Detido há quase dois anos, ele boicotou o julgamento, considerado politicamente motivado pelo partido. As informações são d a agência Associated Press (AP).

O Ennahda afirmou que as acusações visam “vingança, violação de direitos humanos, enfraquecimento do Estado de Direito e politização do Judiciário”. As acusações derivam de um caso de 2019, envolvendo uma empresa de mídia que teria prestado serviços a candidatos nas eleições presidenciais. O partido nega qualquer vínculo com a empresa.

O presidente da República da Tunísia Kais Saied em 2019 (Foto: WikiCommons)

A jornalista Chadha Haj Mubarak é uma das pessoas condenadas, com pena de cinco anos de prisão, o que levou o advogado Souhail Medimegh a alegar que se trata de perseguição devido à atividade profissional dela. O Sindicato Nacional de Jornalistas da Tunísia pediu sua libertação imediata, denunciando o desrespeito à liberdade de imprensa.

O ex-primeiro-ministro Hichem Mechichi também foi condenado, à revelia, a 35 anos de prisão. Desde que assumiu o poder em 2019, o presidente Kais Saied é acusado de consolidar o autoritarismo, com a suspensão do parlamento, a reescrita da Constituição e prisões de críticos.

O Ennahda destacou que as sentenças representam um retrocesso para a Tunísia, relembrando a revolução de 2011, que depôs Zine El Abidine Ben Ali. “Essas decisões trazem a Tunísia de volta a um período que o povo tentou deixar para trás”, afirmou o partido.

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