Mais de 10 milhões de crianças terão desnutrição aguda em 2021, estima ONU

Países como Iêmen e Nigéria integram a zona de risco; pandemia, desastres climáticos e conflitos intensificam fome

Uma estimativa divulgada pela Unicef (Fundo da Nações Unidas para a Infância) na última quarta (30) aponta que mais de 10,4 milhões de crianças sofrerão de desnutrição aguda na África em 2021.

A maior concentração da doença causada pela escassez de alimentos está em quatro países: República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Iêmen e a região nordeste da Nigéria. A região do Sahel Central também integra a zona de risco.

Em comum, as populações enfrentam a pandemia, conflitos armados e desastres climáticos. “Famílias que normalmente lutam para alimentar seus filhos estão agora à beira da fome”, relatou a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore.

Mais de 10 milhões de crianças terão desnutrição aguda em 2021, estima ONU
Mães cuidam de seus filhos desnutridos em hospital de Sanaa, no Iêmen, em fevereiro de 2020 (Foto: Unicef/Areej Alghabri)

Estimativas pessimistas

Só na República Democrática do Congo, 3,3 milhões de crianças menores de cinco anos devem sofrer desnutrição aguda neste ano. A estimativa é ainda mais pessimista para um milhão de crianças, que poderão enfrentar desnutrição aguda grave.

No noroeste da Nigéria a situação nutricional é calamitosa, alertou a Unicef. Só no estado de Kebbi, a taxa de desnutrição crônica chega a 66% das crianças.

O valor é 20% maior que no estado de Borno, no nordeste do país e o mais afetado pela violência dos radicais do Boko Haram, onde 300 mil crianças estão à beira da morte por falta de alimentos. O Sudão do Sul reúne 7,3 milhões próximas à desnutrição – 60% da população total, estimada em 11 milhões.

A insegurança da região, os desastres climáticos e o acesso limitado a recursos básicos aceleram as taxas de desnutrição. Algo semelhante ocorre nos países do Sahel, como Burkina Faso, Mali e Níger.

Em meio a conflitos e choques climáticos, cerca de 5,4 milhões devem chegar à fome extrema em 2021. O Iêmen, que vive a maior crise humanitária do mundo, já soma mais de dois milhões de crianças com menos de cinco anos em desnutrição grave.

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