Governo usa fome como ‘arma de guerra’ no Sudão do Sul, aponta ONU

Relatório da ONU aponta que forças do Sudão do Sul privam recursos a população de áreas controladas por rebeldes

A tragédia humanitária do Sudão do Sul, agravada desde o início da pandemia, castiga sua população à fome e permite seu uso como arma contra grupos rebeldes, denunciou o último relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado na quarta (6).

As forças do governo do país privaram recursos às comunidades que vivem em áreas controladas por grupos rivais. “Esta ação é uma tática que usa a fome como método de guerra”, disse a presidente da Comissão de Direitos Humanos da ONU no país, Yasmin Sooka.

Há comprovação do abuso nas comunidades de Fertir e Luo, no estado de Bahr el Ghazal entre janeiro de 2017 e novembro de 2018.

As regiões de Jonglei e Equatória Central também sofrem os efeitos dos cortes de recursos básicos do governo. “A insegurança alimentar nessas regiões está diretamente ligada ao conflito”, disse Sooka.

Governo usa fome como 'arma de guerra' no Sudão do Sul, aponta ONU
Vítimas da violência entre etnias no estado de Jonglei, no Sudão do Sul, recebem tratamento em hospital (Foto: Tim McKulka/UN Photo)

No dia 29, outro relatório apontou que a primeira fase do processo de unificação das forças armadas do governo e dos grupos rebeldes está travado por falta de comida nos campos de treinamento.

Em meio a denúncias de corrupção, estima-se que 7,5 milhões de pessoas com altos índices de desnutrição precisem de ajuda humanitária do país.

Mergulhado em conflitos desde 2014, o Sudão do Sul vive uma disputa entre as elites econômicas e grupos rebeldes pelo controle do petróleo. Desde então, já são mais de 380 mil mortos e centenas de milhares de deslocados.

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