Na Costa do Marfim, o presidente reeleito Alassane Ouattara convidou o seu principal rival, Henri Konan Bedie, a negociar uma trégua aos conflitos que se intensificaram no país da África Ocidental após a divulgação do resultado do pleito, na última terça (3).

“Espero que tenhamos um diálogo aberto para restaurar a confiança”, afirmou o presidente ao pedir aos líderes da oposição que encerrem os protestos em uma transmissão nacional na segunda (9). Até o final da tarde de terça (10), Bedie não havia respondido ao convite.

A Comissão Eleitoral do país africano de 25 milhões de habitantes alega a vitória de Ouattara com 94% dos votos. O país foi tomado nos últimos meses por série de protestos, contrários à terceira candidatura do político.

A casa de Konan Bedie chegou a ser bloqueada pelas forças de segurança após as eleições. Outros dois líderes opositores foram presos durante os protestos.

Desde as eleições, no dia 31, nove pessoas morreram em confrontos violentos, informou a agência France 24. Segundo a Agência de Refugiados da ONU (Organização das Nações Unidas), a violência desencadeou a migração de mais de oito mil marfinenses na última semana.

Bedie foi um dos líderes pelo boicote do pleito. Os opositores discordaram da recandidatura do presidente após uma mudança jurídica, em agosto. Estima-se que cerca de 50 pessoas morreram desde então.

Conflitos em todo país

A administradora do governo de Daoukro, Solange Aka, informou que conflitos na região terminaram com seis mortos e 41 feridos nesta segunda-feira (9). Uma pessoa foi decapitada e outra queimada em barricadas nas rodovias locais.

Outras três pessoas morreram no centro de Elibou, no centro do país, durante confrontos entre forças de segurança e manifestantes. Na capital Abidjan, conflitos de menor intensidade ocorrem desde o dia 31.

A rivalidade entre Ouattara e Bedie já deixa marcas profundas na política da Costa do Marfim há décadas. O país é palco recorrente de disputas étnicas e regionais.