Oferecer mais oportunidades aos jovens é melhor estratégia contra o extremismo, diz ONU

Agência das Nações Unidas crê que condições econômicas favoráveis podem evitar aumento de terrorismo em países como Moçambique

Extremistas violentos usam queixas socioeconômicas para aliciar jovens a integrarem suas fileiras na África. Ex-terroristas, em situação desfavorecida, apontaram o fator econômico e questões de ideologia como causas para adesão a esses grupos, ao serem entrevistados para pesquisas da ONU (Organização das Nações Unidas).

As Nações Unidas revelaram  ter “preocupação profunda” com os ganhos de terroristas em regiões como a do Sahel, na África. O secretário-geral António Guterres mencionou o caso de Moçambique em sessão do Conselho de Segurança sobre o tema.

Ele apontou o aumento de ações de terror, bem como o crescimento do número de combatentes, fundos e armas em todo o continente. A organização distingue ainda a prevenção como prioridade para se enfrentar o problema.

Antes da apresentação do relatório, a vice-diretora para a África do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Noura Hamladji, citou aspetos comuns em análises para conter o terrorismo.

“Os estudos são claros. A razão é econômica. Isso passam de um país para o outro e ocorre em zonas onde os jovens não encontram emprego e não há perspectiva de uma vida melhor. Esses fatores, se existem nesse país, tornam fácil que grupos extremistas façam esta expansão. Temos que trabalhar sobre essas condições econômicas, basicamente. Por isso, dar resposta onde existem grupos terroristas não é suficiente. Temos que fazer a prevenção nos outros países da periferia para minar o apelo desses grupos aos jovens do continente”, disse Hamladji.

A análise surge em um momento em que a organização identifica novas alianças sendo forjadas entre extremistas com o crime organizado e grupos de pirataria.

Tropas do exército de Moçambique em exercício de contraterrorismo (Foto: Wikimedia Commons)
Além de contextos afetados pelo terrorismo

Noura Hamladji diz que o Pnud está empenhado em continuar a atuar no desenvolvimento sustentável em contextos afetados pelo terrorismo, caso de Moçambique. Mas destaca que evitar novos focos também é prioritário.

“O relatório dá recomendações a países na periferia desta expansão como a Guiné-Bissau, por exemplo. Ali, a mensagem é clara: é preciso mesmo nesses países investir na prevenção e no desenvolvimento é muito importante. Temos também na África Ocidental muitas oportunidades para o desenvolvimento. Um exemplo é a área africana de livre comércio que vai incluir mesmo os mercados africanos e dar oportunidade de dar muitos empregos africanos e para os jovens. E Guiné-Bissau e Cabo Verde estão numa posição ideal para desfrutar dessa área africana de livre comércio e criar oportunidades de empregos para jovens”, afirmou ela.

A recomendação da ONU é para apostar no desenvolvimento e na prevenção como melhor arma conta o extremismo violento.

As situações de fragilidade e instabilidade nos sistemas políticos, econômicos e de segurança tornam a situação especialmente preocupante.

Flagelo do terrorismo

Em março, Moçambique presidiu o Conselho de Segurança. O presidente do país, Filipe Nyusi, realizou uma reunião sobre o tema com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.  

A vice-chefe da agência apontou a aposta em oportunidades para o desenvolvimento africano para acabar com o flagelo do terrorismo.

“Agora é um momento para investir massivamente na reconstrução. No termo e fortalecimento de estruturas locais, do estado para que possam dar serviços de base. Investimento no investimento: criar emprego. Criar proteção social. E muito importante. Tudo isso são intervenções de desenvolvimento que vão ser cruciais para estabilizar Cabo Delgado”, declarou Hamladji.

No terreno, as Nações Unidas atuam em parceria com a  União Africana e outras organizações regionais e sub-regionais para garantir assistência personalizada aos Estados-membros.

Entre as outras áreas de colaboração estão assistência jurídica, investigação, processos judiciais, reintegração e reabilitação e proteção dos direitos humanos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

Tags: