ONU: Conselho de Segurança discute atraso em vacinação e avanço da violência na África

Membros discutiram os conflitos e a recuperação pós-pandemia em meio a falta de vacinas à Covid-19 na África

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONUNews, da Organização das Nações Unidas

África teve cerca de 1,7% de vacinados contra a Covid-19 em relação ao total global. De 1,4 bilhão de doses administradas em todo o mundo, apenas 24 milhões chegaram à região. 

Em seu discurso do Conselho de Segurança, António Guterres realçou que a distribuição equitativa e sustentável de vacinas em todo o mundo é a via mais rápida para uma recuperação veloz e justa. 

Ele defende a partilha de doses, a remoção de restrições de exportação, o aumento da produção local e o financiamento total do Acelerador ACT, como parte da iniciativa Covax

ONU: Conselho de Segurança discute violência em Cabo Delgado
Acampamento com refugiados da violência em Cabo Delgado, Moçambique, maio de 2021 (Foto: Acnur/Martim Gray Pereira)

Cabo Delgado  

O chefe das Nações Unidas lembrou ainda que a organização apoia o esforço global coordenado sobre vacinas e medidas para aliviar a dívida que ameaça a recuperação em muitos países de baixa e média renda, especialmente na África. 

Guterres mencionou o conflito em Cabo Delgado, em Moçambique, como uma das situações nas quais se observa o agravamento da violência de grupos extremistas, num continente onde também ressurgem conflitos. 

Tal como na África Ocidental e Central atuam grupos associados à Al-Qaeda e ao EI (Estado Islâmico) cometendo atos hediondos contra civis que agravam os desafios para sociedades e governos.  

Para Guterres, estas situações são “trágicos lembretes da grave ameaça” destes atos. Um dos exemplos é a crescente insegurança causada pelas Forças Democráticas Aliadas no leste da República Democrática do Congo

Consequências 

O chefe da ONU acredita que as tensões são agravadas pelas severas consequências econômicas da pandemia. A crise já empurrou mais cerca de 114 milhões de pessoas para a pobreza extrema no mundo. 

No continente africano, o crescimento econômico desacelerou e as atuais previsões apontam para cerca de 3,4% em 2021, em comparação com 6% em nível global. A região enfrenta ainda uma baixa de remessas e um aumento de dívidas. 

O secretário-geral alertou que sob pretexto de combate à crise, alguns governos restringiram os processos democráticos e o espaço cívico. A pandemia aumentou ainda a retórica divisionista, o discurso de ódio, a incitação à violência e a desinformação que pioraram as divisões e minaram ainda mais a confiança. 

ONU: Conselho de Segurança discute violência em Cabo Delgado
Grupo de deslocados de Cabo Delgado aguardam acomodações da Unicef em abrigo na cidade de Beira, Moçambique, em janeiro de 2021 (Foto: Unicef/Ricardo Franco)

Oportunidades  

O líder da ONU pede atenção para jovens e mulheres como grupos que mais têm sofrido o mais severo impacto da crise. Eles perdem oportunidades de educação, emprego e renda, além de sofrer com a piora das desigualdades de gênero já existentes. 

Entre os fatores de risco para a estabilidade em África estão pobreza, insegurança alimentar, degradação ambiental, urbanização e pressões demográficas. A crise climática é mais um multiplicador da crise. 

Guterres destacou a importância da região africana nos esforços globais de recuperação. Ele também realçou que a ONU conta com o apoio do Conselho de Segurança para atuar nesse sentido. 

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