A ONU (Organização das Nações Unidas) anunciou a abertura de uma investigação interna para apurar denúncias de exploração sexual em campos de refugiados no Chade. As acusações foram reveladas em uma reportagem da agência Associated Press (AP), que relatou episódios envolvendo trabalhadoras humanitárias e forças de segurança locais.
Em comunicado divulgado dias após a publicação da matéria, a ONU disse que as denúncias são graves e exigem ações imediatas. François Batalingaya, coordenador humanitário da entidade no Chade, destacou a necessidade de proteger as vítimas.
“Refugiados já são vulneráveis e traumatizados pelos eventos que os levaram a fugir de seus países. Sob nenhuma circunstância eles devem ser vítimas de abuso por aqueles que deveriam ajudá-los”, afirmou.
As alegações envolvem promessas de dinheiro, acesso facilitado a ajuda humanitária e ofertas de emprego em troca de favores sexuais. Entre os acusados estão homens responsáveis por proteger as refugiadas, o que inclui trabalhadores humanitários. No Chade, tais práticas configuram crime e, segundo a ONU, medidas estão sendo tomadas em cooperação com autoridades locais para punir os culpados.
O conflito no Sudão, que já causou mais de 20 mil mortes, forçou centenas de milhares de pessoas, a maioria mulheres, a buscarem abrigo no Chade. Especialistas alertam que crises humanitárias frequentemente trazem riscos de exploração sexual, agravados pela falta de denúncia, recursos insuficientes e o foco inicial em suprir necessidades básicas.
Em resposta às denúncias, a ONU elevou o nível de alerta contra exploração sexual para o grau quatro, considerado muito alto. O Chade já era classificado como país de alto risco. Segundo comunicado interno, a medida visa possibilitar ações rápidas nos próximos três meses para fortalecer a proteção nos campos de refugiados.
A ONU reafirmou que a confiança dos refugiados na comunidade humanitária é fundamental e incentivou que vítimas e testemunhas denunciem os casos.
“Trata-se de um fracasso profundo da ajuda humanitária. Pessoas em busca de proteção nunca deveriam ter que fazer escolhas motivadas pela sobrevivência”, afirmou um especialista citado pela AP..