Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONUNews, da Organização das Nações Unidas
O novo relatório Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais, publicado esta terça-feira, informa que, após uma forte contração de 3,6% no ano passado, a economia global deve crescer 5,4% em 2021.
A perspectiva, mais alta do que era em janeiro, é impulsionada pela China e pelos Estados Unidos. Em meio a vacinações rápidas e medidas de apoio fiscal e monetário, as duas maiores economias do mundo estão no caminho da recuperação.
A pesquisa, realizada pelo Desa (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU) afirma que o aumento das infecções por Covid-19 e o progresso lento da vacinação em muitos países ameaçam uma recuperação ampla da economia mundial.
As perspectivas de crescimento em vários países do sul da Ásia, África Subsaariana e América Latina e Caribe permanecem frágeis e incertas. Para muitas economias, a produção só deve retornar aos níveis anteriores à pandemia em 2022 ou 2023.
Em comunicado, o economista-chefe da ONU, Elliott Harris, disse que “a desigualdade na vacinação à Covid-19 entre países e regiões representa um risco significativo para uma recuperação global já desigual e frágil.”
Segundo ele, “o acesso oportuno e universal às vacinas significará a diferença entre acabar com a pandemia rapidamente e colocar a economia mundial na trajetória de uma recuperação resiliente, ou perder muitos mais anos de crescimento, desenvolvimento e oportunidades.”
Desigualdade
O comércio global de mercadorias já ultrapassou os níveis pré-pandêmicos, impulsionado pela forte demanda por equipamentos elétricos e eletrônicos, equipamentos de proteção individual e outros produtos manufaturados.
Economias dependentes de manufatura tiveram melhor desempenho, tanto durante a crise quanto no período de recuperação. Mas uma recuperação rápida parece improvável para economias dependentes de turismo e commodities.
O comércio de serviços, em particular o turismo, deve continuar em baixa devido ao levantamento lento das restrições às viagens internacionais e ao medo de novas ondas de infecção em muitos países em desenvolvimento.
Mulheres
As mulheres estão na vanguarda da luta contra a pandemia, mas também foram atingidas com mais força de várias maneiras, incluindo o impacto do trabalho doméstico e de cuidados não remunerados.
Segundo a pesquisa, elas continuam subrepresentadas na tomada de decisões relacionadas à crise de saúde e nas respostas de política econômica. A pandemia reduziu a participação da força de trabalho em 2%, em comparação com apenas 0,2% durante a crise financeira global de 2007-2008.
Além disso, mais mulheres do que homens foram forçados a deixar a força de trabalho, ampliando ainda mais as diferenças de gênero no emprego e nos salários. As empresas pertencentes a mulheres também se saíram desproporcionalmente piores.
Recuperação
O chefe da o Departamento de Monitoramento Econômico Global do Desa, Hamid Rashid, disse que “a pandemia empurrou quase 58 milhões de mulheres e meninas para a pobreza extrema, dando um grande golpe nos esforços de redução da pobreza em todo o mundo.”
Além disso, para além das desigualdades já registradas na vacinação à Covid-19, a pandemia exacerbou as disparidades de gênero na renda, riqueza e educação, impedindo o progresso na igualdade de gênero.
Para Rashid, “as medidas fiscais e monetárias para orientar a recuperação devem levar em conta o impacto diferenciado da crise em diferentes grupos da população, incluindo mulheres, para garantir uma recuperação econômica que seja inclusiva e resiliente.”