Familiares fornecem DNA na tentativa de identificar vítimas de massacre em Uganda

Rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF) assassinaram os jovens na Escola Secundária Lhubirira em Mpondwe, próxima à fronteira com a RD Congo, na sexta-feira

Na noite da última sexta-feira (16), uma escola no oeste de Uganda foi alvo de um dos maiores massacres registrados no país em década. Desde então, pais e mães dos estudantes desaparecidos têm se dirigido à delegacia local para fornecer amostras de DNA, na esperança de identificar seus filhos entre os 42 corpos que foram recuperados. As informações são da agência Reuters.

Os agressores, que de acordo com autoridades são membros das Forças Democráticas Aliadas (ADF, da sigla em inglês), uma organização extremista afiliada ao Estado Islâmico (EI) e baseada na fronteira leste da República Democrática do Congo (RDC), incendiaram um dormitório de meninos da Escola Secundária Lhubirira, na cidade de Mpondwe. Em seguida, atacaram um quarto onde estavam meninas, usando facões e facas.

“Um total de 20 indivíduos suspeitos de colaboração com a ADF foram detidos para auxiliar em nossas investigações”, declarou a força policial do país em comunicado divulgado nesta terça-feira (20).

Frente da Escola Secundária Lhubirira, local do massacre (Foto: NTV Uganda/Captura de tela)

Entre os detidos está o diretor da escola. Das 42 vítimas fatais no ataque, 37 eram estudantes. De acordo com informações da polícia, entre os estudantes que perderam a vida está uma menina de 12 anos que estava cursando seu primeiro ano do ensino médio.

A polícia informou que dezessete corpos queimados recuperados foram encontrados em estado tão crítico que não puderam ser reconhecidos visualmente. Por esse motivo, testes de DNA estão sendo realizados para identificá-los.

Simon Kule, que compareceu à delegacia de Bwera para fornecer uma amostra de DNA, continua em busca de seu filho, Philmon Mumbere.

Ele expressou sua esperança de que as autoridades possam fornecer informações sobre o paradeiro do jovem estudante: “Esperamos que eles possam nos informar se as pessoas ainda estão desaparecidas ou se seus corpos estão no necrotério, para que possamos nos preparar adequadamente.”

Repercussão no mundo

No domingo (18), o Papa Francisco fez uma oração pelas “jovens estudantes vítimas do ataque brutal” que abalou Uganda e que recebeu condenação da comunidade internacional.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, descreveu o incidente como “um ato terrível”, e os Estados Unidos, um aliado de Uganda, juntamente com a União Africana, também condenaram veementemente o derramamento de sangue.

Décadas de ataques brutais

A ADF (Forças Democráticas Aliadas) foi estabelecida em Uganda durante a década de 1990. Por muitos anos, os insurgentes travaram uma luta contra o governo do presidente Yoweri Museveni a partir de sua base nas montanhas Rwenzori, que se estendem pela fronteira entre Uganda e Congo.

Eventualmente, as forças militares de Uganda conseguiram expulsá-los e o grupo fugiu para as densas florestas do leste do Congo, onde ao longo dos anos foram acusados de perpetrar ataques brutais contra civis.

Os combatentes da ADF ocasionalmente realizaram ataques dentro de Uganda, incluindo atentados a bomba em Kampala em 2021.

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