Prisão de general da oposição no Sudão do Sul coloca a paz em risco, alertam autoridades

Aliados do vice-presidente Riek Machar foram detidos, e líderes temem que o país possa voltar à guerra civil após acordo de paz de 2018

A prisão de um general do principal grupo de oposição do Sudão do Sul gerou alerta sobre uma possível violação do acordo de paz que encerrou a guerra civil no país em 2018. O general Gabriel Duop Lam, do Movimento de Libertação do Povo do Sudão em Oposição (SPLM-IO), foi detido junto a outros membros da facção, todos aliados do vice-presidente Riek Machar. As informações são da rede BBC.

A oposição afirmou que desconhece o paradeiro dos detidos. “Estamos fazendo o possível para evitar uma escalada da situação, mas precisamos que nossos parceiros pela paz demonstrem vontade política para garantir que este país não volte à guerra novamente”, declarou Puok Both Baluang, porta-voz de Machar.

O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, em Ruanda, outubro de 2013 (Foto: Divulgação/Paul Kagame)

O governo do presidente Salva Kiir afirma que as prisões ocorreram por razões legais. “Essas pessoas estavam em conflito com a lei”, disse o porta-voz governamental Michael Makuei.

As detenções ocorrem após relatos de que a milícia White Army, que lutou ao lado de Machar durante a guerra civil, tomou uma cidade estratégica no estado do Alto Nilo, perto da fronteira com a Etiópia, após combates com tropas do governo.

A ONU e a União Africana (UA) alertaram que a violência na região pode se espalhar. O chefe do Centro de Paz e Advocacia, com sede em Juba, Ter Manyang, afirmou à Reuters que a situação pode comprometer o acordo de paz. “O país pode voltar à guerra, a menos que os líderes tomem providências para conter essa crise”, disse.

Desde que alcançou a independência do Sudão há dez anos, a jovem nação atravessa uma crise econômica e política crônica, conforme luta para se recuperar dos traumas de uma guerra civil que terminou em 2018 e estabeleceu um frágil acordo de paz.

Embora o cessar-fogo entre Kiir e Machar ainda seja válido, houve pouco progresso no cumprimento dos termos do processo de paz.

A Coalizão do Povo para a Ação Civil (PCCA), que reúne ativistas, acadêmicos, advogados e ex-funcionários do governo e conclamou uma revolta pública pacífica, descreve o regime atual como “um sistema político falido que se tornou tão perigoso e sujeitou nosso povo a um sofrimento imenso”.

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