Protestos pela morte do cantor Haacaaluu Hundessa, morto a tiros nesta segunda (29), deixaram ao menos 50 mortos na região de Oromia, na Etiópia, nesta terça (30). A informação é da agência Reuters.
Na lista constam manifestantes e membros das forças de segurança etíopes. Lojas também teriam sido incendiadas durante os protestos, que ocorreram na capital Adis Abeba e em cidades de Oromia.
Outras 70 pessoas teriam ficado feridas, segundo o jornal “The New York Times“. Houve ainda prisões, como a do líder oposicionista Oromo Bekele Gerba e do magnata Jawar Mohammed.
A emissora de Mohammed teria sido invadida por autoridades etíopes e os funcionários foram detidos, segundo denúncia feita nas redes sociais.

Haacaaluu Hundessa
O cantor, compositor e ativista etíope Haacaaluu Hundessa, 34, foi morto a tiros nesta segunda (29), na capital do país. As composições de Hundessa protestavam contra a repressão ao grupo étnico oromo.
Os protestos que tomaram conta das ruas de Oromia levaram o então primeiro-ministro Hailemariam Desalegn a renunciar ao cargo. Segundo o Times, apesar de serem o maior grupo étnico da Etiópia, os oromos afirmam ser marginalizados econômica e politicamente.
O premiê etíope e oromo étnico, Abiy Ahmed Ali, expressou condolências pela morte de Hundessa e afirmou entender a gravidade da situação, mas pediu calma à população.
Para o ganhador do Prêmio Nobel da Paz 2019, esse é mais um desafio entre outros enfrentados pelo país. Enquanto evita a disseminação do coronavírus, o premiê busca limitar os impactos econômicos e evitar protestos contra o adiamento das eleições locais marcadas para agosto.
Críticas ao governo
Na semana passada, Hundessa fez críticas ao primeiro-ministro durante uma entrevista na emissora fundada por Jawar Mohammed, também crítico a Abiy Ahmed Ali. O governo é acusado de deter jornalistas, bloquear o acesso a internet e reprimir manifestantes.
Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam ainda que as forças de segurança do governo federal realizaram execuções extrajudiciais e estupros, além de detenções arbitrárias.