O Parlamento de Serra Leoa aprovou um controverso projeto financiado pela China para construir um ponto de pesca e uma fábrica de farinha de peixe na praia de Black Johnson, de acordo com o site Sierra Express Media (SEM).
O projeto de US$ 55 milhões (R$ 287 milhões), que já era debatido há mais de 50 anos, ocupará 250 acres do território, uma área equivalente a dez campos de futebol. E tem sido duramente criticado devido ao impacto ambiental.
Em editorial, o SEM destaca que o projeto não causará apenas prejuízo ambiental, mas também financeiro. “Sem a farinha de peixe, o turismo tem potencial para preservar nossa natureza, gerar mais receita e criar mais empregos com menos danos à comunidade e à cultura”, diz o texto. “Consideramos a posição da Câmara do Parlamento como infeliz, menos representativa e contra os interesses dos seus constituintes e da nação”.
A ONG PSCO, que abriu financiamento coletivo para ajudar a população local, também contesta o projeto: “Este não é um problema local, é um problema internacional. A exploração dos estoques pesqueiros na África Ocidental afeta todo o planeta, destruindo recursos vitais e criadouros”.
A entidade explica sua oposição: “As fábricas de farinha de peixe liberam produtos químicos tóxicos que destroem criadouros de peixes e dizimam os estoques de peixes para os pescadores locais. Elas poluem a terra e o oceano, matando peixes, animais e plantas, e acabam com a principal fonte de alimento local”.
Outro ativista empenhado na dissolução do projeto é Steve Trent, da EJF (Fundação para a Justiça Ambiental, da sigla em inglês). Segundo ele, falta transparência ao negócio. “O projeto é profundamente opaco. Isso levanta profundas preocupações sobre quem será beneficiado e quais são os impactos negativos”.
Trent afirma ainda que não há dados sobre a avaliação do impacto social para as comunidades locais, uma obrigação de Serra Leoa, conforme as leis internacionais. “O acordo destruiria a floresta tropical intocada, saquearia estoques de peixes e poluiria criadouros e ecossistemas marinhos”, afirmou
China se defende
Du Zijun, conselheiro econômico e comercial chinês na Embaixada do país em Serra Leoa, nega que o projeto pertença à China, cuja função seria apenas a de financiar a empreitada. Segundo ele, tais acusações são “um insulto ao governo e ao povo de Serra Leoa”.
A questão ambiental, segundo Zijun, também não é da alçada da China. “A seleção do local e a avaliação do impacto ambiental do projeto são determinadas ou conduzidas pelo governo de Serra Leoa de acordo com suas próprias leis e procedimentos administrativos”, disse ele.