Tempestade tropical em Moçambique deixa 45 mil pessoas dependentes de ajuda humanitária

Projeto para ajudar a população atingida foi orçado em US$ 3,5 milhões pela ONU, somente para as necessidades imediatas

A tempestade tropical Ana, que atingiu as regiões centro e norte de Moçambique no início desta semana, deixou 45 mil pessoas, incluindo 23 mil mulheres e crianças, na dependência de ajuda humanitária. Os dados foram divulgados na quinta-feira (27) pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Para apoiar a população atingida, a agência mobilizou funcionários e está preparando suprimentos médicos e nutricionais, água, saneamento e kits de higiene. Também foram criados espaços temporários de aprendizado, num projeto orçado em US$ 3,5 milhões somente para as necessidades imediatas.

Maria Luisa Fornara, representante do Unicef em Moçambique, disse que a agência trabalha em conjunto com o governo e parceiros para garantir que as crianças e as suas famílias recebam assistência para salvar vidas.

“Esta última tempestade que atingiu Moçambique é um lembrete contundente de que a crise climática é uma realidade, e as crianças são mais afetadas por eventos climáticos severos relacionados ao clima”, disse ela.

A tempestade tropical Ana passou por vários países da África Oriental e Austral, afetando Moçambique, Madagascar, Malaui e Zimbabué. Ventos fortes e chuvas fortes causaram inundações, destruição generalizada e mortes, de acordo com relatos da mídia.

Alagamento causado pela tempestade tropical Ana em Moçambique (Foto: Unicef)

Em Moçambique, a tempestade atingiu na segunda-feira (24) as províncias de Nampula, Zambézia, Tete, Niassa, Sofala e Manica. Mais de 10 mil casas foram destruídas, juntamente com pontes, linhas de energia, escolas, unidades de saúde, sistemas de água e outras infraestruturas públicas.

As autoridades locais relatam que 12 unidades de saúde e 137 escolas foram danificadas ou destruídas, disse o Unicef, deixando mais de 27,3 mil alunos sem um lugar para aprender, com um novo ano letivo para começar na próxima semana. Espera-se que os números aumentem à medida que as avaliações continuam.

Altamente vulnerável

Moçambique está atualmente em sua estação chuvosa, e a ONU teme que a situação possa se deteriorar rapidamente se outra depressão tropical ou ciclone trouxer chuvas adicionais.

Myrtha Kaulard, Coordenadora Residente da ONU em Moçambique e a principal autoridade humanitária da ONU no país, disse que a tempestade destacou a necessidade de investimentos para mitigar as mudanças climáticas.

“Este é o primeiro evento climático desta estação chuvosa e ciclônica, mas as vulnerabilidades são extremamente, extremamente altas porque temos esse ciclo anual de chuvas e ciclones destrutivos extremamente fortes. As pessoas simplesmente não têm tempo para se recuperar”, afirmou Kaulard.

Moçambique ocupa o 9º lugar entre 191 países globalmente devido à sua alta vulnerabilidade a perigos, exposição a riscos e falta de capacidade de enfrentamento, disse o Unicef, citando a ferramenta de avaliação de risco de desastres Inform.

Mitigação climática

De 2016 a 2021, o país enfrentou duas secas severas e oito tempestades tropicais, incluindo dois grandes ciclones, Idai e Kenneth, que atingiram o país em 2019 em um período de seis semanas e afetaram mais de dois milhões de pessoas.

Kaulard disse que a ONU está em “contato muito próximo” com as autoridades nacionais e tem equipes em todas as províncias afetadas que estão prestando assistência humanitária.

“As autoridades estão realmente extremamente bem organizadas e presentes e alertando as populações e avaliando as necessidades, prestando assistência imediata”, acrescentou. “Mas este país, Moçambique, está realmente tão exposto aos estragos climáticos que precisamos fazer muito, muito mais para a redução do risco de desastres”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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