Três jornalistas europeus são mortos em emboscada em Burkina Faso

Repórteres de Espanha e Irlanda acompanhavam uma patrulha anti-caça quando caíram em emboscada no sudeste do país

Dois jornalistas espanhóis e um irlandês foram mortos em um ataque terrorista em Burkina Faso, na segunda (26). Os profissionais acompanhavam uma patrulha anti-caça que caiu em uma emboscada na região de Fada N’Gourma-Pama, confirmou uma fonte militar à agência catari Al-Jazeera.

Os agressores usaram duas caminhonetes e uma dúzia de motocicletas para encurralar o grupo, que reunia cerca de 15 soldados e guardas florestais, além dos repórteres. Um dos integrantes está desaparecido e três ficaram feridos.

O comboio tinha acabado de concluir seis meses de treinamento e iniciava operações em áreas de conservação perto das fronteiras com Benin e Togo. Os repórteres viajavam com o grupo há cerca de uma semana.

Três jornalistas europeus são mortos em emboscada em Burkina Faso
Um dos últimos registros de David Beriáin, jornalista morto em Burkina Faso em abril de 2021 (Foto: Reprodução/Notícias de Navarra)

Conforme a ministra das Relações Exteriores da Espanha, Arancha González Laya, os dois jornalistas espanhóis, David Beriain e Roberto Fraile, produziam um documentário sobre as medidas tomadas por Burkina Faso para proteger os parques e recursos naturais da caça furtiva.

Beriain era um repórter de guerra veterano que já havia passado pela extinta agência espanhola da CNN. Nos últimos anos, se dedicava à própria produtora, especializada em documentários sobre atividades ilegais.

Já Fraile trabalhava para a emissora espanhola CyLTV. Jihadistas já o haviam ferido na Síria no final de 2012, enquanto cobria o Exército Sírio Livre, principal facção contra o regime de Bashar al-Assad.

O Ministério das Relações Exteriores da Irlanda não deu detalhes sobre o jornalista morto no país africano. “O consulado está em contato com a família do cidadão irlandês e fornece todo o apoio possível”, disse a embaixada em nota. Até agora, nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo ataque.

Violência em Burkina Faso

Um dos países mais pobres do mundo, Burkina Faso luta contra uma insurgência de grupos ligados à Al-Qaeda e Estado Islâmico desde que extremistas armados dominaram partes do vizinho Mali, em 2015.

O diário turco “Daily Sabah” descreveu a área como “perigosa” e “lotada de terroristas, jihadistas e bandidos”. Assassinatos de estrangeiros não são inéditos no país. Em janeiro, terroristas teriam sequestrado um padre no sudeste do país, cujo corpo foi encontrado pouco depois em uma floresta.

Civis encontraram um imã da cidade de Djibo, no norte, morto três dias depois de desaparecer em uma viagem. As marcas de violência apontam que o clérigo muçulmano foi sequestrado por grupos armados locais.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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