Defensor da causa ambiental e dos direitos das crianças, o colombiano Francisco Vera, 11, já convive com ameaças de morte. No dia 15, o jovem denunciou um ataque vindo de uma conta anônima do Twitter.
A ameaça ocorreu pouco depois de Francisco lançar um vídeo no qual pedia ao governo melhorias na conexão de internet para as crianças que estudam online.
“A crítica faz parte da vida, e eu a aprecio desde que seja construtiva e respeitosa”, disse o menino à BBC. “Mas obviamente não há lugar para insultos e ameaças”.
Em uma carta assinada pela alta comissária Michelle Bachelet, a ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu o pioneirismo do trabalho de Francisco na Colômbia – país onde não é incomum que ativistas ambientais sejam mortos.
Segundo a ONU, 53 ativistas e defensores dos direitos humanos foram assassinados no país só no ano passado. Em 2019, a Colômbia se tornou o país mais perigoso do mundo para o ativismo civil após a morte de 64 defensores, conforme o Global Witness.
As autoridades investigam outros 80 homicídios de líderes comunitários. Com Francisco, o ataque gerou indignação. “Essas ameaças são comuns e tendem a ficar impunes”, disse Lourdes Castro, líder do grupo Somos Defensores, em prol dos ativistas.
Quem é Francisco
O menino afirma ter iniciado seu ativismo aos seis anos, quando participava de protestos contra touradas com a família. Na sua cidade natal, Villeta, ele fundou o grupo ambientalista Guardiões da Vida, em 2019.
Com outros seis amigos, Francisco realizava protestos até o centro da cidade, recolhia o lixo das ruas e pedia atenção às mudanças climáticas. Hoje o grupo une mais de 200 pessoas em 11 províncias da Colômbia, além da Argentina e México.
O jovem ainda faz parte do movimento Fridays for Future, da ativista sueca Greta Thunberg. “As crianças devem ter voz nas questões da atualidade, como as alterações climáticas e a política econômica. Não somos apenas o futuro, somos o agora”, disse ele.
A mãe de Francisco, Ana María Manzanares, disse ter esperança de que a ameaça tenha sido apenas uma “piada cruel”. Ela já pediu ajuda do governo. “É uma situação difícil, mas acredito que meu filho pode deixar isso para trás”, disse.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, prometeu identificar quem fez as ameaças contra Francisco. Até lá, o ativista se dedica a uma nova campanha para 2021: a de proibir plásticos descartáveis no país.