As três vencedoras de 2020 do Prêmio Goldman, considerado o Nobel de Meio Ambiente, nas Américas e Caribe, demonstram um avanço legislativo às práticas ambientais no continente.
Das três vencedoras americanas, duas são indígenas – a apicultora maia Leydy Pech, do México, e a líder equatoriana Nemonte Nenquimo. Elas travaram uma batalha pela proteção de áreas nativas e tiveram leis promulgadas em seus países de origem.
Já a jovem ambientalista Kristal Ambrose foi reconhecida por liderar um projeto pela proibição total de plástico nas Bahamas, em vigor desde janeiro.
Além delas, outros três Nobel de Meio Ambiente vêm da França, Gana e Mianmar. Em 2017, a francesa Lucie Pinson pressionou que os três maiores bancos da França eliminassem o financiamento a novos projetos de carvão.
A medida é semelhante à do vencedor de Gana. Em 2019, o ministro de Meio Ambiente, Chibeze Ezekiel, conseguiu proibir a entrada de usinas de carvão no país. Já o birmanês Paul Sein Twa recebeu a condecoração por emancipar parques de conservação.
Maias contra a Monsanto
Em 2017, a líder maia Leydy Pech conseguiu que o governo mexicano revogasse licenças à gigante agrícola Monsanto após cinco anos de luta. A apicultora de 55 anos é natural do município de Hopelchén, em Campeche, no sudeste do país.
Ela liderou comunidades indígenas para barrar o avanço do plantio de soja transgênica na região, alegando que a cultura estava causando doenças à população local. O governo emitiu as licenças sem qualquer consulta, o que desobedece um tratado internacional.
Segundo Pech, a contaminação pelo veneno nas plantações estava matando abelhas e o desmatamento não parava de crescer. “Demos um grande passo de resistência por nossa terra e por nossas florestas”, disse Leydy ao jornal “El Sol del México”.
Pela floresta tropical
O ativismo de Nemonte culminou na proteção de 500 mil acres de floresta tropical dos extratores de petróleo. A jovem indígena liderou a comunidade Waorani para forçar o governo do Equador a não dar continuidade dos planos de vender o território.
Com uma vitória legal, em 2019, a líder abriu precedente legal em prol dos direitos indígenas no país e no mundo. A partir da decisão, o governo terá de garantir o consentimento da comunidade indígena para leiloar qualquer outra terra no futuro.
“O povo Waorani sempre foi protetor e as mulheres sempre foram incentivadas a tornarem-se líderes. Defendemos o nosso território e a nossa cultura por milhares de anos”, disse ela à BBC.
Desafio ao status quo
Apesar de enfrentar o preconceito, Kristal Ambrose seguiu em frente na luta pela proibição dos plásticos de uso único nas Bahamas – ação que lhe rendeu o “Nobel de Meio Ambiente”.
“Recebemos nas Bahamas boa parte dos resíduos do mundo, além de produzir os nossos próprios”, disse a bióloga marinha ao “The Guardian”. “É um paraíso – até você olhar de perto. A poluição por plástico é monstruosa”.
Com pressão sobre o governo local e uma rede de ativismo pela educação ambiental, Kristal conseguiu que leis proibissem totalmente o uso de sacolas plásticas no país caribenho de 385 mil habitantes. “Precisamos entender que a ilha não é só para turistas. É nossa. Precisamos protegê-la”.