Argentina e Paraguai apuram se avião misterioso serve a grupos terroristas

Boeing 747-300 retido na Argentina carregava autopeças e tinha uma tripulação formada por venezuelanos e iranianos

Argentina e Paraguai abriram investigações para apurar o mistério que cerca o avião de carga atualmente retido no Aeroporto Internacional de Ezeiza, sob suspeita de ser usado para ações ligadas ao terrorismo islâmico. Os tripulantes do Boeing 747-300, 14 venezuelanos e cinco iranianos, tiveram seus passaportes retidos. As informações são da agência Asssociated Press.

A aeronave vinha sendo operada há cerca de um ano pela companhia aérea Emtrasur, da Venezuela. Antes disso, era de propriedade da Mahan Air, do Irã, sancionada pelo governo dos EUA por sua suposta relação com a Força Quds, o braço de operações no exterior da Guarda Revolucionária do Irã (IRGC), a elite das forças armadas do país.

De um lado, Caracas afirma que não existe qualquer irregularidade com o avião, que oficialmente servia para transportar autopeças para a indústria argentina. Já a Mahan Air nega ter ligação com a aeronave, que recebeu a carga no México e parou em Caracas antes de seguir para a Argentina.

Boeing 747-3B3 da companhia aérea iraniana Mahan Iar, imagem de 2012 (Foto: Wikimedia Commons)

Do lado argentino, o principal foco da investigação é o piloto Gholamreza Ghasemi. De acordo com relatório do FBI (Serviço federal de Investigação, da sigla em inglês), dos EUA, ele é CEO da empresa Qeshm Fars Air, que Washington diz fornecer suporte material à Quds Force e à Mahan Air.

A promotora argentina Cecilia Incardona diz haver “vários vestígios que tornam necessário avançar com a investigação”, de forma a constatar se o real objetivo do avião de carga e de seus tripulantes era a “preparação para fornecer bens ou dinheiro que poderia ser usado para atividade terrorista, seu financiamento ou organização”.

O Paraguai compartilha da suspeita argentina e também abriu uma investigação, vez que o avião ficou três dias parado em Ciudad del Este no mês passado. Esteban Aquino, chefe da agência de inteligência do país, questionou o fato de a aeronave ter desligado o localizador em vários momentos do voo. O tamanho da tripulação, grande demais para uma operação de carga, também gerou estranheza.

Até o Ministério das Relações Exteriores de Israel se manifestou sobre o caso. “No avião que pousou na Argentina, havia iranianos diretamente envolvidos com o tráfico de armas para a Síria e para a organização terrorista Hezbollah, no Líbano”, disse o órgão em comunicado, segundo o site Epoch Times. “Até o capitão do avião é um executivo sênior da companhia aérea iraniana Qeshm Fars Air”.

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